Usina Alcóol Verde, a enxaqueca do governador Binho Marques

Luis Carlos Moreira Jorge*

Conversava ontem com um grupo de empresários sobre o maior projeto privado de geração de emprego e renda no Acre, a Usina Alcóol Verde, cujo empreendimento não entrou em funcionamento por conta de exigências ambientais, a expressa maioria sem nexo, e todos eles criticando duramente o governador Binho Marques.

Perguntava um destes empresários se alguém já ouviu ou leu uma declaração a do governador defendendo o projeto. Com os meus botões, pensei: - não conhecem nada do Binho! Não fez nenhuma afirmação defendendo o empreendimento e nem vai fazer. Se dependesse dele este projeto jamais teria sido implantado no Acre.É a sua enxaqueca. É da linha contemplativa da ministra Marina Silva (talvez até da linha criacionista) que na Amazônia não há lugar para o plantio de cana de açúcar, soja, e expansão da pecuária. O mais curioso é que o projeto não agride o meio ambiente, porque o cultivo da cana se dará em áreas degradadas de pastagens. Não será derrubada uma única samaúma. Mas para não contrariar sua guru Marina meteu um esparadrapo na boca sobre este assunto.

O Binho deve estar se remoendo de raiva contra a Alcóol Verde, mas não se pronuncia contra porque o grupo empresarial que toca esta iniciativa foi trazido pelo ex-governador Jorge Viana com a promessa que teria o apoio integral do governo. Querer que o Binho seja a favor de usina de alcóol, da hidrolétrica do Madeira, de pesquisa de petróleo? É querer brincar. Tem um verdadeiro horror a tudo isso. Para quem tem a Foz do Breu, um lugarejo onde o vento faz a curva, uma central de malária e de outras endemias regionais, onde inexiste atendimento básico na área de saúde, os senhores empresários querem o que? A cabeça do nosso governador é esta.

Pode-se discordar, dizer que isso é um atraso, que não vai se conseguir desenvolver o Acre com ações pequenas, fazendo sabonete de copaíaba, mas os empresários têm que se conformar porque ele não vai mudar. Minha gente, o Binho ainda acredita que o Acre pode se desenvolver da produção dos nossos seringais de cultivo! Não fiquem espantados, é isso mesmo! Quem está mal na fita é o ex-governador Jorge Viana, que é o pai da usina Alcóol Verde, que seduziu os empresários a transformar a sucata da Alcóobras num empreendimento rentável, gerando emprego e renda, tirando o Acre da política econômica do contracheque no final de cada mês. Mas só que não pode fazer nada, absolutamente nada, a não ser, talvez, se indignar. Não tem mais a caneta das decisões. Há um certo tempo não converso com o Jorge, mas não tenho a menor dúvida em afirmar que deve estar angustiado, afinal é o fiador do projeto. Pelas informações que tenho são altos os prejuízos financeiros da empresa com esta paralisação, com a falta de apoio do governo, sem falar na perda da safra da cana que seria processada e que agora só serve para mudas, da dispensa de trabalhadores e do conseqüente prejuízo no comércio de Capixaba. Outro dia parei para merendar em uma lanchonete da cidade e o proprietário, um velho amigo, me contava que houve uma série de demissões com a imobilidade do empreendimento e prejuízos porque os estoques estão encalhados. É de se perguntar também em que canto do Acre se trancou a voz do senador Sibá Machado (PT), que no início do projeto estava na linha de frente na sua defesa? Depois que a Marina, titular do mandato de senadora, se pronunciou contra o plantio de cana na Amazônia, o Sibá se calou. Até se entende. Suplente é suplente, pode sair do mandato a qualquer momento. A usina Alcóol Verde poderá até entrar em produção um dia, porque o principal acionista está atolado em prejuízos, mas podem ficar cientes que este será um dos piores dias para o governador Binho Marques. Se sofrer de enxaqueca será uma crise certa. E não será surpresa se no dia que for produzido o primeiro litro de álcool no Acre, se ausente do governo para ser representado pelo César Messias.

O PP NÃO VAI PODER exigir muito da Frente Popular do Acre em relação aos seus candidatos a prefeitos, porque lhes falta legitimidade com o projeto da aliança. Cairam de paráquedas na coligação. O prefeito de Acrelândia, que tanto o deputado federal Gladson Cameli (PP) e o ex-deputado José Bestene defendem (adoram defender tranqueiras políticas), o Vilseu Ferreira, estava onde na última campanha para o governo? No palanque da oposição junto com o presidente do PSDB, Tião Bocalon, só não chamando Jorge Viana, Tião Viana e o então candidato Binho Marques de santos. É este rapaz para quem o Bestene e o GLadson querem privilégios de ser o candidato oficial da FPA?. O vereador Carlinhos César (PSB), o outro candidato a prefeito, que estava direto na campanha da FPA, vai ser jogado de escanteio? Que espécie de critério político é este em que aliado vira inimigo e inimigo vira aliado com privilégios? O mesmo acontece em Tarauacá, onde o prefeito Wando Torquato fala mal abertamente dos dirigentes da FPA, e a quem a dupla Gladson Cameli e José Bestene passam a mão na cabeça, numa estranha e inexplicável simbiose. Só que a recíproca não é verdadeira, o Wando não dá a mínima bola para ambos, que ainda assim, de forma misteriosa, insistem em lhe paparicar. Mas como cada um tem o quinhão que bem merece, bom proveito para o Bestene e para o Gladson. Não se esquecendo antes de tomar estomazil.

É EM FEIJÓ que a FPA terá sem dúvida uma das suas vitórias mais tranqüilas por alguns aspectos: o prefeito Francimar Fernandes (PT) é um dos mais bem avaliados da coligação, é um puxador de votos, deu vitórias estrondosas para o Jorge Viana e para o Binho Marques, a sua candidata a prefeita, a vereadora Jaciara (PT) é querida no município, além dos nomes que surgem como oposição são mais fracos do que caldo de batata doce. Por tudo isso é que o prefeito Francimar tem todo o direito de indicar o candidato à sua sucessão .

SE EXISTE UM MUNICÍPIO onde o volume de obras é talvez o maior do Acre é em Sena Madureira. O prefeito Nilson Areal (PR) tem a vantagem de não ficar apenas esperando cair o FPM no final do mês, vira e mexe está cavando recursos extras em Brasília, com o apoio do senador Tião Viana (PT), uma espécie de padrinho de sua administração. Só isso justificaria sua reeleição. Mas também é em Sena Madureira onde a oposição é muito forte com a candidatura da ex-prefeita Toinha Vieira. Se Areal amarrar bem o arco de aliança com os demais partidos, passa a ser favorito. E se ganhar não será demais dizer que os eleitores escolheram bem.

*Blogueiro nas horas vagas