sábado, 12 de abril de 2008

Chico Mendes: o inicio e o fim do conto de fadas

Nascido em 1944, no município de Xapuri no interior do Acre, Francisco Alves Mendes Filho, ou melhor, Chico Mendes, desde pequeno foi influenciado pelo pai a trabalhar no seringal. Se tornou seringueiro ainda criança e assim ajudava a família.

Sua luta em prol dos seringueiros começa quando ele foi escolhido para ser secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, em 1975. Nesse momento começou a luta do homem que entrou pra história. Em 1976 começa efetivamente a lutar contra o desmatamento da Amazônia através dos empates(1).

Com o trabalho que vinha sendo realizado, Chico Mendes, passou a ser o inimigo número 1 dos fazendeiros. Muitas vezes, ele e seus companheiros realizava campanhas para tomar posses das terras que estavam sendo mal empregadas.

Antes de morrer, em 1988, Chico teve uma vida muito agitada. Foi preso, se elegeu vereador, perdeu eleição para Deputado Estadual e foi ameaçado de morte inúmeras vezes. Sua luta tirava o sono dos poderosos que tinham o único interesse em tirar proveito da Amazônia indiscriminadamente.

No dia 22 de dezembro de 1988, Chico é assassinado na porta de sua casa, deixando assim, sua esposa Ilzamar Mendes e seus filhos, Elenira e Sandino. Mas antes desse lamentável episódio, Chico Mendes já havia ganhado projeção local, nacional e internacional. Um ano antes de ser assassinado, Chico ganhou o maior prêmio referente a ecologia, o Global 500 da ONU, em Londres, na Inglaterra.

Sua influência era tão grande que chegou a se reunir com os representantes do BID.
Veja a citação do jornal local, A Gazeta no dia 02 de abril de 1987:


"Chico Mendes retorna hoje dizendo ter cumprido missão

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, chega hoje a Rio Branco, após ter realizado - junto com organizações preservacionistas dos EUA um trabalho de esclarecimento da opinião pública norte americana sobre o risco de destruição da floresta amazônica devido às obras de asfaltamento da rodovia BR-364, que vem sendo realizada com financiamento do Banco Mundial (BID).

Chico Mendes disse pelo telefone desde Washington, na noite de terça-feira, que considerava ter cumprido bem sua missão de sensibilizar a opinião pública sobre a questão, “ao ponto de alguns diretores do BID em Miami e assessores de parlamentares, em Washington terem se comprometido em visitar o Acre para conhecerem o problema mais de perto".

Ele enfatizou, que outro ponto alto da viagem foi a entrevista de quinze minutos que concedeu ao programa radiofônico Voz da America do governo americano, levado ao ar na terça-feira. “O pessoal do serviço da Voz da América considerou um fato histórico a presença de um seringueiro nos seus estúdios para falar dos problemas dos habitantes da floresta amazônica”.

Questionado sobre como foi possível a Aliança dos Povos da Floresta para a Defesa da Amazônia, integrada por índios e seringueiros, já que durante tantos anos uns foram jogados contra outros, Chico Mendes explicou ao entrevistador da Voz da América, que essa aliança foi o resultado da elevação do nível de organização dos índios, através da União das Nações Indígenas - UNI e dos seringueiros, através do Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS, “unidos em torno de um objetivo comum",

Ele informou ainda que na tarde de terça-feira, esteve reunido em Washington com diversas organizações preservacionistas, como o Fundo de Defesa do Meio-Ambiente, Fundação Pró-Natureza e o Fundo Nacional de Vida Silvestre. "Nesse encontro as entidades decidiram cerrar fileiras na luta pela preservação da Amazônia apontando como alternativa mais racional de ocupação da região sem destruí-la. a efetivação das reservas extrativistas para os seringueiros".

Chico Mendes vai fazer um relato minucioso das sua viagem aos EUA, hoje às19:30 horas, no auditúrio da Catedral. A reunião é aberta ao publico e está sendo promovida pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos. Comissão Pastoral da Terra - CPT, Conselho Indigenista Missionário - CIMI e o Projeto Seringueiro, entre outros.”


O que acontece de fato

A mídia e principalmente os “companheiros” do Líder seringueiro, fizeram de sua morte um marco histórico. Afinal, precisamos de lideres e exemplos para nos espelharmos. Foi com esse tipo de pensamento que até hoje, Presidente, Governadores, Prefeitos, Deputados e Vereadores se elegem, principalmente aqui no Acre, onde o termo floresta vira dinheiro na mão de poucos.

Essa imagem que ronda pelo Acre de um estado que é modelo para o Brasil e o mundo é uma balela. É notório que os verdadeiros ideais de Chico Mendes, aparecem apenas em palanques. Se hoje parecesse outra pessoa que seguisse a risca seus ensinamentos, com certeza iria sofrer com a irá dos poderosos que tomam de conta da floresta “legalmente”. Há anos atrás diziam que o Acre era terra de ninguém, mas agora depois de quase 10 anos do tal “Governo da Floresta” este estado encontra-se na mão de grupos. O desmatamento aumenta, as queimadas também. E ainda insistem em colocar a culpa no pequeno produtor. Mas como haverá desenvolvimento sustentável, sem o subsidio do estado para o pequeno agricultor? Será que valeu Chico Mendes ter se sacrificado em prol de meia dúzia de políticos, que hoje estão no poder graças ao garoto propaganda do seringal.

Os verdadeiros companheiros de Chico Mendes estão fora da luta contra a devastação. Hoje tem gente pegando carona em seus ideais sem fazer o mínimo esforço. “Chico lutava pela vida, pela preservação da Amazônia.Infelizmente tenho que dizer que o que se vê é a destruição da nossa Amazônia. As nossas madeiras, as nossas florestas, estão sendo destruídas. Eu dou como exemplo o seringal Cachoeira, entendeu? Foi o berço, onde o Chico começou a ser perseguido mesmo, onde começou a sua luta em defesa e hoje se você for lá vai constatar que o seringal Cachoeira está completamente destruído. Transformou-se em fazenda. Para sobreviver, os colonos são obrigados a vender as madeiras, as suas terras porque não existe uma política para ajudar os colonos, ribeirinhos”.disse a viúva de Chico Mendes ao Jornalista Altino Machado.

E ainda complementa:” Tenho que falar, e não estou falando só por mim, mas dos companheiros do Chico com os quais ainda tenho contato. Infelizmente, essas pessoas, que conviveram lado a lado com o Chico, que eram sabedoras dos seus ideais, da sua luta, infelizmente mudaram seus pensamentos. Hoje, o que é importante para essas pessoas é o poder e não os ideais do Chico. Fazem qualquer coisa para se manter no poder. Companheiros que realmente estavam lado a lado com o Chico não têm voz para dizer para estas pessoas o que eles necessitam. Hoje o que se vê são pessoas dentro de seus gabinetes, no ar-condicionado, fazendo o que bem entendem, mas não vão ouvir o que a população carente necessita”. Quando Altino Machado faz a seguinte pergunta: A ministra Marina Silva, o ex-governador Jorge Viana e o atual governador Binho Marques. A conquista do poder não significou avanços?

A verdade dói, mas tem que ser dita! Acabaram com os ideais do homem que morreu para dar o poder e reconhecimento aos governantes.

Um comentário:

  1. Bacana, mais não sei se li, tudo faltou subsídios para fundamentar o tema. Talvez esteja muito pessoal Porém, audacioso de sua parte colocar essas linhas na net...

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