quinta-feira, 5 de junho de 2008

Áreas protegidas do Acre estão vulneráveis

Francisco Costa*

Juiz Federal diz que a pecuária avança dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes. Peruanos continuam invadindo território dos índios Ashaninka.

A Escola Superior do Ministério Público da União realiza em Rio Branco, durante os dias 4, 5 e 6 de junho o primeiro Congresso Estadual de Proteção Ambiental e Questões Indígenas. No auditório da Faculdade da Amazônia Ocidental, serão feitos três painéis com debates e palestras de juízes federais, procuradores da união, especialistas em meio ambiente e representantes de organizações governamentais e não governamentais. No primeiro painel crimes e infrações adminstrativas e ambientais, no segundo proteção ambiental nas atividades produtivas e por último legislação indigenista.

Na abertura do evento, nesta quarta feira à noite, o procurador da república Marcus Vinicius disse que a Amazônia é o centro das discussões mundiais. Segundo ele é uma necessidade falar sobre a internacionalização da região mais rica do planeta em biodiversidade como também é preciso conservar e fazer a floresta gerar riquezas e dar condições de sobrevivência para as populações tradicionais.

O procurador afirmou que o maior desafio hoje é fazer o poder público proteger as terras indígenas. "A área Ashaninka é uma terra 100% preservada onde as populações da floresta pescam, caçam, sobrevivem. A área vem sendo degradada por madereiros peruanos, estrangeiros que vem roubar madeira aqui. Sem dúvida esse é o maior desafio, proteger hoje, em virtude da ausência do estado brasileiro naquela região." Em 2007, o Ministério Público Federal, condenou 14 madereiros peruanos, a um ano e seis meses de prisão, por retirada ilegal de madeira no território do povo Ashaninka, localizado no Rio Amônia na cidade de Marechal Thaumaturgo.

Segundo o Juiz Federal, Jair Araújo Facundes, da terceira Vara Federal do Acre, o maior desafio referente as questões ambientais no estado é fiscalizar os invasores, fazer cumprir a legislação. Para o juiz faltam planos de ocupação e desenvolvimento das unidades de conservação e oferecimento de alternativas sustentáveis para pessoas que ocupam as áreas, para que elas possam viver com o mínimo de dignidade sem ter que derrubar, sem ter que oferecer uma atividade produtiva como a pecuária. É o que vem ocorrendo em Xapuri, os moradores estariam, segundo o juiz, convertendo suas áreas produtivas em pasto para criaçao de rebanho bovino.

"Na Reserva Chico Mendes, você já tem alguns focos de pecuária com um certo rebanho, o que contradiz completamente os princípios daquela unidade de conservação. Com relação ao Parque Nacional da Serra do Divisor, é uma área imensa de enorme biodiversidade que precisa de um plano de exploração, de pesquisas, de visitação. É preciso pensar em quais locais criar uma estrutura que permita aquilo viver." Ressaltou Jair Facundes.

Segundo o Juiz, o congresso vai nortear gestores públicos sobre a legislação ambiental e sensibilizar para a gravidade de conservar essas áreas urgente.

O assessor estadual dos povos indígenas, Francisco Pianko, não discorda muito do Juiz Federal e do Procurador da República. Liderança dos Ashaninka, Pianko, defende a necessidade urgente de políticas públicas eficientes para o desenvolvimentos dos índios e melhoria da qualidade de vida do povo.

*Francisco Costa é repórter da Tv Acre afiliada da Rede Globo e escreve no blog repórter 24 horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Política de moderação de comentários
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.