O texto foi retirado da coluna do Editor da folhadoacre, mas por motivos que somente deus e a cúpula do PMDB sabe, foi deletado do site.
Amado mano potiguar, a demora, ás vezes, se faz necessária. Nunca se justifica, mas carece de existir. É na demora que me reciclo e me entrego aos prazeres do ócio, da irresponsabilidade, do paraíso da rede e da delícia da cerveja bem gelada que, simplesmente, bebê-la, precisa ser profissão e ofício bem remunerado.
Cá estou pelas bandas do Juruá, na fronteira peruana com o Amazonas quase infinito (metáfora sem-vergonha), sorvendo a caboclagem das morenas politicamente incorretas que, decididamente, não gostam de ver pau em pé.
Cruzeiro do Sul é uma cidade interessante, acidentada, parece nossa Petrópolis, tantos são os morros. Encontrei por cá o Fé em Deus. Disse ele que se morasse aqui ficaria rico alugando skate no topo das ladeiras e vendendo iodo e mercúrio cromo nos sopés.
O Igarapé Preto, com sua água gelada, mais parece um poço de espermas, embora seja altamente propício para curar ressacas. Cruzeiro do Sul não é uma Sodoma, mas não é hipócrita. Com certeza, moraria aqui, se a paixão me tocaiasse.
Por esses dias me senti um Mário Quintana, morando em hotel, escrevendo poemas em bares e cheio de amor platônico pelas brunas lombardis da vida. Essa metáfora, nada sem vergonha, representa a vida onde somos hóspedes e vítimas das trágicas paixões. Escrever é o que resta, o que importa, o que é preciso.
Por esses dias também encontrei por aqui um tenente coronel bastante famoso. Ele atende pelo nome de Marcos Pontes e já esteve no espaço sideral, o que nos dá uma baita inveja porque não se trata de metáfora, mas palavra literal. Fazia ele um material para uma rede nacional de TV sobre a proteção da Amazônia. É boa pinta e boa praça.
Querido mano potiguar, é vero que vou ficar por aqui, todo o período eleitoral, escrevendo as agruras e as delícias de um candidato ungido pelos miseráveis e predestinado à vitória, vivendo a experiência inédita de marqueteiro interiorano, incapaz de descobrir, e compreender, qual um Renato Russo amazônico, por que a mentira, às vezes, deixa a pessoa mais forte.
Aqui, no extremo oeste brasileiro, a vida não é drummoniana ou itabirana, a vida aqui é cheia de energia, de daime, de vacina de sapo, de tacacá, de farinha de primeira, de feijão arromba-homem, de morena trigueira (que também arromba homem), de mandim, de açaí e de olhares de soslaio, que não significam desdém, mas indício de alguma mensagem secreta criptografada pelas retinas das meninas que não são tão meninas assim.
Cruzeiro do Sul, mano potiguar, me apetece, mas Rio Branco não é um quadro na parede, mas uma verdade pungente que me assola o coração, quando penso num menino de três aninhos me olhando com a ternura que nunca pensei merecer.
Devo voltar, mano potiguar. Voltar para minhas dores, minhas saudades, minhas esquinas, meus oficiais de justiça, meus bêbados, meus inimigos e minhas indulgências. De lá, te escrevo, afinal, notícias são minhas matérias primas. Um beijo na Liberdade, outro nas meninas, e mais um nos poucos amigos.
Antonio Stélio - Editor do site folhadoacre.com e MARQUETEIRO DA CAMPANHA DO CANDIDATO DO PMDB A PREFEITURA DE CRUZEIRO DO SUL, VAGNER SALES.
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