Afinal, quem é o Pinóquio?
Por Chico Araújo, Da Agência Amazônia
Como se diz no adágio popular, a mentira tem pernas curtas. O episódio da demissão da Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente é a confirmação da assertiva.
A demissão chegou à imprensa na terça-feira e Carlos Minc, então secretário de Meio Ambiente do Rio, já estava confirmado para o cargo. Com o aval de Lula e com as benções do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Na quinta-feira, Minc afirmou ter sido ‘intimado’ por Lula e Cabral a aceitar o cargo de ministro.
“O presidente falou comigo três vezes e o governador Sérgio Cabral quatro vezes e me colocaram como uma intimação. Realmente o meu interesse não era esse, eu tenho um mandato parlamentar, sou secretário do Rio, gosto do Rio, e tenho um compromisso [com o Estado]”, disse Minc em entrevista à rádio BandNews FM, em Paris.
Mesmo assim, os aliados do ex-governador Jorge Viana não fizeram cerimônia. Passaram a vender aos quatro cantos a idéia de que ele [Jorge Viana] havia sido convidado por Lula para o lugar de Marina. A dedução era muito simples. O irmão dele, o senador Tião Viana, conversara com Lula na terça. E, de madrugada, Jorge pegaria o avião no Acre e viria para Brasília, onde, teria um encontro com o presidente. De fato, a reunião com Lula aconteceu. Mas Jorge, mais uma vez, não virou ministro, e saiu com a explicação abaixo:
“Cheguei a um consenso com o presidente Lula ontem de manhã que meu nome deveria estar fora das questões por circunstâncias locais, daqui a pouco tem eleição”, disse Viana. “Foi uma conversa de amigo”, acrescentou, em tom lacônico, ao deixar o Planalto. Se fosse só ‘uma conversa de amigos’ Jorge precisava pegar um avião de madrugada no Acre e se mandar para Brasília?. Isso é que ter saudade de um amigo!
À noite no Jornal da Globo, o próprio Lula põe fim às bravatas criadas em torno do ‘quase ministro’ Jorge Viana. “Não conversei com o Jorge Viana. O Jorge Viana veio aqui para outro assunto”.
O fato estava esclarecido e o correto, então, seria encerrá-lo já que Carlos Minc era o ministro. Mas não foi isso o que aconteceu. Jorge Viana manteve sua versão. Disse à Folha que para evitar um confronto com Marina preferiu ficar no Conselho de Administração da Helibras — fabricante de helicópteros. Mas que confronto seria esse?
Mais uma vez, Jorge falou do encontro com Lula. Disse que para evitar desconforto para ele [Jorge Viana] e para Lula, os dois haviam decidido não falar sobre ‘o convite’. Só que, pelo visto, o ex-governador esqueceu-se de combinar isso com o presidente. À noite, no Jornal da Globo, Lula foi taxativo: “Não conversei com Jorge Viana”.
Nem mesmo com o desmentido de Lula em rede nacional, Jorge não desistiu de vender a idéia de que ‘recusou o convite’ para substituir Marina. Alegou, segundo a Folha, que a ‘recusa’ seria porque pretende sair candidato a senador em 2010 e tempo que teria para ficar no ministério seria muito curto. Pela lei, se fosse ministro, Jorge teria que largar o cargo até abril de 2010 para ser candidato nas eleições de outubro.
Esses são os fatos. E, diante deles, cabe a seguinte indagação:
Afinal, quem é o Pinóquio nessa história? Lula ou Jorge Viana?
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