segunda-feira, 15 de junho de 2009

47 ANOS DE ACRE

Nesta segunda-feira, dia 15 de junho, o Acre comemora uma de suas datas mais importantes: a assinatura da lei que eleva o território a Estado da federação. Para marcar esta importante passagem do calendário acreano, o Governo do Estado promove na Filmoteca da Biblioteca Pública a exibição do documentário Território do Acre. Também será realizada uma solenidade cívico-militar de troca da bandeira do mastro da Gameleira.

O documentário, que traz imagens do ex-governador Guiomard Santos e das primeiras construções erguidas em solo acreano, será exibido domingo e segunda-feira, às 17h, e tem entrada gratuita. A troca da bandeira teve sua data oficial instituída por decreto pelo governador Binho Marques no ano passado, durante as comemorações da elevação do Acre a Estado. A solenidade terá início às 8h.

História do Acre é baseada em movimentos autonomistas

josaugusto.jpg
Primeiro governador eleito no Estado, José Augusto de Araújo discursa no dia do resultado das eleições em 1962 (Foto: Acervo Histórico do Estado)

Em 15 de junho de 1962 o presidente da República João Goulart assinava em Brasília a Lei nº 4.070, que elevou o território do Acre à categoria de Estado e garantiu a autonomia para escolher seus dirigentes, arrecadar impostos e estabelecer suas leis.

Até então, o Acre, mesmo tendo conquistado sem apoio do governo federal o direito de ser Brasil, ainda não podia elaborar sua própria Constituição e muito menos eleger seus governantes. O dia 15 de junho de 1962 é, considerado pelos historiadores, a segunda data mais importante da história deste Estado, perdendo apenas o início da Revolução Acreana, o 6 de Agosto.

Com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, o Acre é anexado ao Brasil, mas na condição de território. Na época, o Acre era o maior produtor de borracha, exportava para os principais países industrializados, mas toda a arrecadação dos impostos ia para os cofres federais. Diante da decisão do governo federal de transformar o Acre em território federal, surgiram os movimentos autonomistas, marcantes na história do Acre.

Por diversas vezes os acreanos se revoltaram e deram início a movimentos de contestação, uns mais radicais outros mais brandos, que pediam principalmente autonomia política para os acreanos. A primeira fase desse movimento dura até 1920. Essa fase foi caracterizada por revoltas, deposição violenta dos maus governantes e vítimas fatais. O período é crítico para o Acre que passava por uma forte crise econômica e política. Dois episódios são importantes para consolidar a primeira etapa da luta pela autonomia política do então território.

Em 1910, em Cruzeiro do Sul, acontece a primeira revolta autonomista contra o então prefeito acusado de má gestão pública. Pela primeira vez a população de uma cidade acreana se rebela contra a situação, toma o poder e durante 100 dias governa o município com o apoio de alguns coronéis de barranco. Depois deste período, o Exército intervém retoma a cidade em batalha que deixa feridos e causa pelo menos uma morte.

O segundo fato importante dentro deste contexto ocorre em Sena Madureira, pelos mesmos motivos que impulsionaram a revolta em Cruzeiro do Sul: governo mal intencionado e autoritário. Desta vez a população, além de tomar o poder, aplicou como castigo ao gestor deposto a deportação de balsa descendo o rio Purus. Em pouco tempo, o município foi alvo de bombardeio de navios da Marinha e a cidade retomada.

A segunda fase tem sua origem em 1934 quando da reforma constitucional. Os acreanos acreditavam que era esta a oportunidade de ser corrigida uma injustiça histórica com a transformação do território em Estado, mas o Acre alcança apenas o direito de eleger dois deputados federais. “Foi um cala boca aos acreanos, mas também o momento de organização institucional e reivindicação dos direitos políticos”, explica o historiador Marcos Vinícius das Neves. Na ocasião, os jornais circulam fazendo referência ao Acre como Estado. Com acesso ao Congresso Nacional, os acreanos pareciam ter a possibilidade de reverter a situação legalmente.

É justamente nas décadas de 30 e 40 que o movimento recua e perde um pouco sua força, pressionado pela volta de um novo ciclo da borracha. As pessoas voltavam a se ocupar do dinheiro que começava a entrar novamente com a produção da borracha.

Somente em 1957, o deputado federal Guiomard Santos apresenta o projeto de Lei de elevação à estado na Câmara. Dessa data em diante tem início efetivamente a terceira fase do movimento autonomista . Forma-se então o Comitê Pró-autonomia acreana para dar base de sustentação ao projeto de Lei. De 1957 a 1962, o Movimento Autonomista ganha muita força e os membros do comitê entram em intensa atividade.Logo em seguida à assinatura da Lei 4.070, são convocadas eleições gerais para governador e deputados. Os constituintes teriam 120 dias para elaborar a carta constitucional do Estado do Acre. Caso não o fizessem passaria a vigorar no Acre a constituição do Estado do Amazonas. Em 1° de março de 1963 foi promulgada a primeira constituição do Estado e toma posse o primeiro governador constitucional, o professor de Filosofia José Augusto de Araújo, contrariando todas as expectativas e prognósticos já que o outro candidato era Guiomard Santos, o “pai” de todos os acreanos.

“Hoje vivendo o período democrático vemos ainda a presença dos mesmos signos da época dos movimentos autonomistas”, diz Marcus Vinícius.

*As informações e foto são da Agência de Noticias do Acre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Política de moderação de comentários
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.