Luís Carlos Moreira Jorge*
Os dirigentes dos regimes autoritários ao longo da história sempre puniram os que tinham a ousadia de defender uma idéia fruto de convicção política ou religiosa. Foi assim na Alemanha, é hoje no Irã e Coréia do Norte. O Partido dos Trabalhadores nasceu combatendo desde o berço a censura, e a favor da liberdade de expressão e das manifestações religiosas. Foi um crítico ferrenho da ditadura militar que adotava estas práticas. E assim o petismo foi forjado. Mas, nesta quinta-feira caiu por terra toda esta capa, com a punição do deputado federal Henrique Afonso (PT), um dos quadros mais éticos da política acreana e da Câmara Federal, que foi afastado das atividades partidárias apenas por ter ousado, como evangélico e pai de família, a tomar posição contrária ao aborto.
Que democracia é esta em que um deputado não pode ter posições próprias acerca de um tema que divide a sociedade, como a adoção do aborto?
Que democracia é esta dos dirigentes que puniram o Henrique por ser a favor da vida?
Onde está a tão cantada em prosa e verso pluralidade de opiniões da qual tanto apregoam?
E o Estatuto do PT, que diz que ninguém será punido por crime de idéia?
Torquemada, um dos mais ferrenhos executores da "Santa Inquisição", que de santa não tinha nada, e que punia com a fogueira os que tinham posições próprias, por certo deve estar se revirando no túmulo de alegria, porque afinal, deixou seguidores. Não sei qual será a reação política do deputado federal Henrique Afonso (PT), esta é uma questão de fórum íntimo, cabe somente a ele decidir, mas ninguém do PT poderá lhe atirar a primeira pedra caso decida com base no cerceamento de suas atividades parlamentares a mudar de partido. Não vai lhe restar muito alternativa, como não restou a Joana D'arc, quando lhe perguntaram se renegava sua fé para ser absolvida ou se a mantinha e seria condenada. Ficou com a fé. Foi queimada viva.
Pelo caminho firme do Henrique no campo evangélico não é demais se prever que deixará o PT, porque só ficará dois rumos a seguir: negar a sua religiosidade, abandonar o caminho bíblico pautado no qual faz o seu percurso religioso, formar ao lado dos seus inquisidores, ou de forma altaneira e coerente, ir na busca de outra terra prometida, que com certeza não será mais o PT.
Tantos mensaleiros, doleiros de cuecas e aloprados, que eram para serem punidos e não foram! Punir um político honrado como o Henrique foi mais fácil. Uma pena. Uma pena. Um péssimo exemplo de fazer política. Mas, assim caminha a podre humanidade!
*O artigo assinado pelo jornalista Moreira Jorge foi extraído do site Ac24horas.
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