Polícia procura a imprensa para pedir ajuda, mas ameaça jornalistas no exercício da profissão
Folha do Acre
Como sempre acontece nos casos de grande repercussão, a imprensa é convocada para entrevistas coletivas, onde a tônica é sempre as mesma, “Estamos empenhados em elucidar esse caso o mais rápido possível”. Regadas a cafezinhos e água gelada, as autoridades se postam atrás de uma mesa todos com ar de “estamos muito preocupados” e começam a discursar enfatizando que o trabalho da imprensa é de relevante importância, que os jornalistas são os grandes parceiros nessas horas.
Mas acabam se esquecendo do decorado pronunciamento quando o caso chega ao fim, informações são negadas, até o trabalho de registro das imagens são impedidos pelos fieis escudeiros dos poderosos da segurança pública.
Foi o que aconteceu na noite de sexta-feira, quando toda a imprensa estava reunida em frente à casa do professor Marcos Afonso, para o desfecho final do crime que abalou toda a sociedade acreana.
Quase uma meia dúzia de delegados estiveram no local, e a ordem era sempre a mesma, evitar os curiosos e principalmente que a imprensa registrasse imagens dos peritos do IML trabalhando, com a desculpa de preservar a família da vitima.
O delegado responsável da Delegacia de Polícia da Capital e Interior (DPCI), Wanderley Thomas ameaçou de prisão o cinegrafista da TV Rio Branco Felix Neves e o auxiliar da TV Gazeta Bil Lima porque estavam em cima de um muro tentando registrar as imagens dos peritos embarcando o corpo do professor na viatura, “desçam os dois agora desse muro senão mando recolhe-los”, esbravejou o delegado.
O delegado ordenou que a viatura do IML estacionasse bem próximo ao portão e com as portas semi-fechadas impedia a visão dos profissionais da imagem. “Não queríamos mostrar o corpo do professor sendo retirado do buraco, não somos loucos de divulgar uma imagem dessas, queríamos apenas registrar a imagem do IML transportando o corpo até a viatura”, disse Felix Neves, que concluiu dizendo, “Não sou nenhum bandido para ele dizer que vai me prender”.
Parece que o experiente delegado esqueceu que quando é para divulgar os interesses da segurança pública ou pedir ajuda a imprensa é importante, fora isso não serve para mais nada.
Em mais uma coletiva realizada na manhã de ontem, os jornalistas foram avisados, que só poderiam fazer imagens dos acusados sem algemas e nenhuma pergunta poderia ser feita ao trio de latrocidas.
O delegado abusou da autoridade dele em vários momentos. Ele chegou a brigar com uma senhora que servia água aos reporteres que estavam fazendo a cobertura do caso.
ResponderExcluirNa coletiva de hoje foi sórdido demais ver o diretor da polícia civil agradecer a Deus por ter conseguido elucidar esse crime. Sinceramente, Deus não gostaria de ver um filho dEle ser assasinado de forma tão cruel e ainda por cima, Ele não gostaria de ver uma políca tão incompetente.