Edinei Muniz*
Após quase falirem a economia global, os americanos descobriram uma forma um tanto quanto macabra de ganhar dinheiro no mercado financeiro: a morte. Death bonds – títulos da morte, em inglês - foi o nome dado à novidade pelos bancos de Wall Street.
O negócio é bem simples, os bancos compram os seguros de vida de idosos, ávidos por dinheiro, e revendem para investidores. Aí, quanto mais rápido os velhinhos morrerem, maior o ganho dos investidores. Ou seja, quanto mais com o pé na cova estiver o cidadão, mais valor de mercado terá. Nunca a morte valeu tanto.
Alegam os bancos que, ao comprar as apólices, estão apenas dando uma mãozinha para aqueles que precisam de dinheiro com urgência. Além, é claro, de garantir que as pessoas desfrutem do seguro de vida ainda em vida.
Explicando melhor: os bancos compram apólices de seguro de vida por valores abaixo do que realmente valem e, como parte do negócio, pagam o prêmio até a morte do titular. Assim, depois que eles morrem, é só cobrar o pagamento. Se a onda pegar, no futuro não muito distante, teremos um mercado bilionário regulado, pasmem, pela taxa de mortalidade. Já pensou o governo trabalhando políticas econômicas visando diminuir a expectativa de vida das pessoas visando garantir a viabilidade dos Death Bonds?
A novidade é tão assustadora que já tem até banco desenhando o mapa dos países potencialmente mais favoráveis para o investimento. O continente africano, onde a mortalidade é a maior do mundo, figura no topo da lista, como alvo prioritário dos bancos. Comprar seguro de vida de um africano, segundo eles, pode garantir ganhos bem maiores do que, por exemplo, de um cidadão da Suíça. As razões são bem óbvias: o
lucro depende da morte.
Assim caminha a humanidade.
*Edinei é advogado.
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