sexta-feira, 6 de novembro de 2009

LULA LÁ

Paulo Andreoli
Rondoniaovivo

A luta da população da região da Ponta do Abunã pela emancipação política dos distritos de Extrema, Nova Califórnia, Vista Alegre do Abunã e Fortaleza do Abunã de Porto Velho é antiga e se arrasta há pelo menos 20 anos. Muitos já declararam apoio a causa, entre eles, o presidente da republica, Luis Inácio “Lula” da Silva.

Distrito de Extrema, verão de 1995. Sob o sol escaldante da Amazônia, o então sindicalista e hoje presidente, Luis Inácio percorria a região realizando a caravana da cidadania. O político em ascensão na época era acompanhado de diversos políticos do Partido dos Trabalhadores, hoje estrelas do PT no eixo Acre/Rondônia como o ex-governador do Acre, engenheiro Jorge Viana e a ex-ministra Marina Silva, além dos sulistas Luiza Erundina, Eduardo Suplicy e até o agitador social João Pedro Stedile.

Na oportunidade Lula recebeu documento da comunidade solicitando pedido de ajuda para o fim do litígio e sua conseqüente emancipação. O documento foi entregue pelo Professor Marquelino Santana e pelo produtor rural Valdir Viana

Do alto da carroceria de um caminhão, improvisado como palanque, garantiu apoio a causa da emancipação. Se eleito fosse, Presidente da Republica, lutaria para a emancipação política da região. Uma testemunha ocular do comício de Lula em Extrema, o professor Marquelino Santana relata: “Lula era mais magro, ainda usava as conhecidas barbas longas e bateu com força no próprio peito, chamando para si a responsabilidade, se irmanando conosco nesta batalha”.

Quase quinze anos se passaram e Lula já está no seu segundo mandato no comando do país e tudo que restou da promessa do sindicalista, são fotos amareladas pelo tempo.

Entre os políticos petistas atuais da região, o prefeito de Porto Velho, psicólogo Roberto Eduardo Sobrinho é contra a emancipação e faz um jogo considerado “sujo” pela população, sendo acusado de ter realizado recentemente a “caravana do Não” além de ter deixado os moradores da região a mingua. Bem diferente de Lula, expoente maior do partido da estrela vermelha que na época garantiu apoio.

Para se ter uma idéia do disparate dos distritos em relação ao município-sede, basta conferir a distância entre ambos. São cerca de 360 km que separam o povo daquela região da administração central. Quase a distância entre as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Resignada, a população da Ponta do Abunã parece não ter mais a quem recorrer, salvo depositar suas últimas esperanças na decisão da maior corte eleitoral do país na próxima terça-feira (10). A falta de regulamentação de uma lei complementar federal é sem resquícios de dúvidas o maior entrave jurídico que impossibilita a criação de novos municípios no país, desde a edição da emenda constitucional Nº 15 de 12 de Setembro de 1996.

Só para relembrar, a partir daí, cerca de 30 municípios foram emancipados no país á revelia da lei, inclusive o município de Luis Eduardo Magalhães na Bahia.

Desde o fim do litígio, datado de 4 de dezembro de 1996 a ponta do abunã se “sacode como pode” para conseguir sua autonomia político- administrativo da região, mas sempre foi surpreendida por várias liminares impetradas pelo Ministério Público Federal.

Enquanto a PEC 13 está estagnada na Câmara dos Deputados a população da região de Extrema corre um sério risco de mais uma vez confrontar-se diretamente com a Polícia Rodoviária Federal e desta feita com o apoio da Força Nacional, conforme autorização do Ministério da Justiça.

Cabe as autoridades da Republica Federativa procurar evitar este confronto sob pena de haver sério risco de derramamento de sangue de brasileiros no asfalto da rodovia federal, desta vez com maior intensidade.

Assim como houve total empenho da bancada federal de Rondônia, tanto na Câmara como no Senado para aprovação da transposição dos servidores estaduais para o quadro federal, deveriam agora reunir forças para que de forma inteiramente pacífica consigam definitivamente aprovar a regulamentação da PEC 13, sob pena de que tamanho teor de violência, se espalhe para o resto do país.

Um dos integrantes da comissão pró-emancipação e que se encontra com interdito-probitório da Justiça e não quer se identificar disse que os políticos petistas como Fátima Cleide e Eduardo Valverde e agora o novo aliado, Acir Gurgacs deveriam ter coragem e vergonha na cara para dizerem se são contra ou a favor da emancipação.

INDIGNAÇÃO

Informações vindas da região dão conta da comunidade já está se preparando, não somente para o bloqueio da rodovia, mas sim para um possível embate com forças federais. Ações radicais como derrubada de torre de transmissão de energia e corte de cabos de fibra ótica corre a “boca pequena” em Extrema.

Com cerca de 10 mineradoras que através de explosões de dinamites extraem pedras na região para o vizinho Estado do Acre, ações mais violentas não estão descartadas.

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