Por Chico Araújo e Eduardo Bresciani*
Por unanimidade, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 16, um projeto que acaba com os fusos horários dentro do Brasil. A medida institui uma única hora legal. A proposta precisa passar ainda pela Comissão de Relações Exteriores, onde terá decisão terminativa. O projeto precisa ainda ser aprovado também pela Câmara antes de virar lei.
Com a medida, as pessoas que moram na Amazônia terão quer madrugar para acompanhar o horário oficial de Brasília. Atualmente, a diferença de fuso no Acre é de uma hora - durante o horário de verão sobe para duas. E o acreano já sofre as conseqüências das mudanças de fuso.
No ano passado, por força de um projeto do senador Tião Viana (PT-AC) a horário oficial do Acre ficou um hora a menos em relação a Brasília. A medida obrigou o acreano a acordar mais cedo para acompanhar o fuso. Houve protestos e já se falava até em plebiscito para decidir a questão.
Agora, com o texto aprovado no Senado, volta tudo a estaca zero. Em todo país passa a valer a hora de Brasília. Significa dizer, no caso do Acre, que o dia vai começar antes do sol raiar, e o anoitecer, ainda com o sol no horizonte - a exemplo de algumas regiões da Europa.
Com isso, quando o Jornal Nacional começar, às 20h15, ainda será pleno dia no Acre e em outros estados amazônicos. E aos que, ao meio-dia estiverem caindo de sono, só resta um consolo: protestar contra Tião Viana. Partiu dele a idéia de mexer no fuso horário e, agora, em vez de uma hora, o Senado decide pela hora legal única. O projeto da hora única é de autoria do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
"Facilitar o desenvolvimento"
Atualmente, o Brasil tem três fusos horários. Além da hora oficial de Brasília, existe o horário usado por Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima, com uma hora de atraso em relação à capital federal, e o horário do arquipélago de Fernando de Noronha (PE), uma hora adiantada.
O projeto de Virgílio foi relatado na CAE por Gim Argello (PTB-DF). De acordo com o relator, a medida beneficiará os estados que terão o horário alterado.
"Isto vai facilitar o desenvolvimento dos estados. Muitas cidades do Norte tem dificuldade, por exemplo, em relação ao mercado financeiro que fecha antes", disse Argello.
Apesar do longo trâmite que o projeto ainda tem para percorrer, o relator acredita que a proposta pode virar lei antes do recesso parlamentar, que começa dia 18 de julho. Na próxima quinta-feira,18, a Comissão de Relações Exteriores deve votar a proposta. "Acho que consegue aprovar rápido. Já recebi vários deputados pedindo que esta proposta fosse votada o mais rápido possível".
A mudança não terá influência no horário de verão, determinado pelo governo federal para economia de energia durante os meses mais quentes do ano. O Executivo continuará decidindo onde esta mudança de horário será realizada.
*Repórteres da Agência Amazônia e do G1.
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