Terça-feira, 22, na parte da manhã, percorro sites esportivos e leio as páginas de esportes dos jornais locais. Além das trivialidades e perfumarias de sempre, uma grande surpresa: os dirigentes do Fast Clube, do Amazonas, declaram que a equipe não mais disputará as duas partidas que lhe restam, contra Luverdense e Rio Branco, pela série C do Brasileirão.
Sob a alegação de que o poder público amazonense não vai ajudar nas despesas de deslocamento e estada da equipe em Lucas do Rio Verde (MT) e Rio Branco (AC), o Fast, literalmente, avisou que iria “tirar o time de campo”. Largar tudo, dar adeus e ir embora, ver se ainda sobra algum jaraqui da piracema que subiu nos últimos dias as águas do rio Negro.
A retaliação por parte da Confederação Brasileira de Futebol é evidente. Não havendo castigo nenhum por parte dos eventuais fujões, as competições futuras correm o grande risco de virar uma casa de mamãe Joana. Cinqüenta mil reais de multa e suspensão de dois anos dos campeonatos promovidos pela entidade é a pena. Sem choro nem vela.
Terça-feira, 22, pela parte da tarde, a notícia da manhã já não vale mais nada. Última forma: o Fast vai sim disputar as duas partidas marcadas na tabela. Vai pegar um avião às pressas para Brasília, pegar outro avião da capital federal para Cuiabá, pegar um ônibus para Lucas do Rio Verde, fazer tudo de volta e cumprir os compromissos previamente agendados.
Como que por algum passe de mágica, de repente, não mais que de repente, choveu algum tipo de patrocínio na horta do Fast Clube e os amazonenses desistiram da nefasta idéia de adotar a manjada estratégia de Napoleão Bonaparte de sair pela porta dos fundos, abandonando um lugar que conquistaram por direito e onde muitos certamente gostariam de estar.
Ou foi mágica ou então o Fast Clube jamais teve a intenção de cumprir a ameaça de abandonar a competição. Fez tão somente uma pressãozinha, uma espécie de drible de corpo, acenando com a possibilidade de deixar mal na fita uma ruma de amazonenses que, não custa lembrar, querem até que o Estado seja sub-sede do Mundial de 2014.
No espaço de poucas horas, duas informações diametralmente opostas envolvendo o mesmo personagem. A velocidade vertiginosa com que o mundo gira não nos dá mais garantia de coisa alguma. O tempo que estava aqui já não está mais. E no momento em que você lê estas mal traçadas, leitor, quarta-feira de manhã, 23, tudo pode ter mudado outra vez.
Ninguém deve se surpreender se o Fast tiver perdido o vôo de propósito. Muito menos se os seus dirigentes tiverem resolvido permanecer em Brasília. Ninguém deve se surpreender nem se o Luverdense tiver optado por levar o bandeirinha acreano Mário Jorge para reforçar a sua defesa. Cada vez mais, à moda de Sócrates, o que eu sei é que nada sei!
Francisco Dandão, Mestre em Comunicação Social e Colunista da Folha do Acre
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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