Para dizer crise, a cúpula financeira e econômica mundial declara a precariedade do modelo da ordem econômica vigente com os termos de recessão, desaceleração, desaquecimento, depressão, decadência e outros do mesmo gênero. O regime econômico capitalista, perverso, excludente e desumano, dá um furo financeiro nos Estados Unidos da América – EUA, lá onde se concentra o seu maior império. Com efeito cascada, derruba as economias do mundo, ligadas entre si pelos laços globais desse modelo.
É um fenômeno de proporções planetárias. A crise, contudo, não é declarada pelos adversários do modelo da ordem econômica vigente. Entre parêntese, o maior adversário desse modelo, K. Marx, morreu, há mais de 200 anos. É dele, em sua obra prima “O capital”, a “profecia” do fracasso do capitalismo. É o mesmo regime que se encarrega. Anuncia insuficiência crônica, ao não dotar os usuários de recursos suficientes para honrar os compromissos, pagando débitos e dívidas, decorrentes de créditos e financiamentos. Ou seja: esse regime cruel e nefasto, no lugar de integrar os pobres, incluindo-os econômica e socialmente, os desintegra, criando novos pobres cada vez mais miseráveis.
Os pobres, que sustentam a cúpula da pirâmide financeira e econômica, não agüentam mais carregar em suas costas tanto peso. Ficam desfigurados, excluídos e às margens dos lucros do regime da ordem econômica vigente, onde só uns poucos ganham dividendos exorbitantes. Eles, os pobres, aguardam “socorros” emergenciais e episódicos que, em verdade, não solucionam a fome no mundo, ao contrário, adiam a sua explosão.
A cúpula financeira e econômica mundial sente mais os efeitos da crise, da qual é protagonista e sua patrocinadora. Busca urgentemente soluções. Não podendo mais castigar os pobres, dos quais precisa para acumular “mais valia” em seus negócios, bate as portas do Estado, seu principal aliado, que, de imediato, a socorre, aplicando injeções de grande eficácia, valendo bilhões de dólares. A propósito, a moeda norte-americana anda batendo recordes de valorização nesses tempos de crise. O que será? Com certeza, armadilha da própria cúpula financeira e econômica mundial.
Também o Brasil é contagiado pela crise. Flutua de acordo com os humores e rumores das bolsas internacionais. Em época de baixa, é chamado a adaptar-se às oscilações dos negócios internacionais e “ajudar” a economia mundial a sair da crise, nem que, para tanto, faça sacrifícios, como cortes nas obras do PAC. É o ônus que se paga por pertencer à economia global.
Não há como escapar da pressão, que a crise exerce sobre todas as economias. Para fugir dos efeitos maléficos dessa calamidade mundial, os países devem adotar medidas criativas e inteligentes até a recomposição do capital. A cúpula financeira e econômica mundial se protege de todas as formas, a fim de manter os lucros em alta. Sabe que precisa dos pobres para, acima deles, ganhar “mais valia” e, com isso, acumular mais riqueza. Pede socorro ao Estado, seu maior aliado, que cede à pressão e lhe concede ajuda substancial em dólares.
Os países periféricos do planeta terra ainda temem o poderio dos EUA. Ajoelham-se aos seus pés. Aproveitando-se dessa condição, os norte-americanos dominam e imperam. Usam a força -guerra e terror- para manter a hegemonia mundial. Só alguns países muçulmanos ousam desafiar o imperialismo dos EUA. Para dar um basta à voracidade do imperialismo norte-americano, que é a causa principal da crise, todos os países precisam acordar e dar início a uma cruzada contra o modelo da ordem econômica vigente. Dessa forma, o mundo poderá respirar ares de prosperidade e felicidade.
José Mastrangelo é Doutor em Teologia e tambem escreve para o site Folha do Acre.
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