Julio César Cardoso*
Acabei de assistir ao pronunciamento, em plenário, do deputado Nilson Mourão (PT-AC) em defesa do governo brasileiro, em relação à política cubana. Ser ou não ser humanista, eis a questão. Se erros ou formas de procedimentos inadequados de quem quer que sejam os seus autores afrontam os direitos humanos universais em pleno século 21, dentro dos princípios da razoabilidade, da racionalidade ou da razão, não se pode compreender como alguém possa ter argumentos para vir fazer a defesa de um regime ditatorial longevo em que cidadãos são privados de sua liberdade apenas por discordar de filosofias políticas de opressão.
Fazer comparações bizarras com o modo de agir dos americanos é revelar resquícios de ódios alienígenas e de uma patologia lamentável. Ou se é humanista na acepção pura da palavra ou se é impostor. Por que os falsos humanistas são ambivalentes ao manifestarem sentimentos opostos diante de uma determinada situação? Para esses impostores, os americanos agem como cruéis assassinos. Mas os procedimentos da ditadura cubana por acaso são flores de um bosque de bons odores? Vá lá que os americanos sejam cruéis - como afirmou o preclaro deputado ao citar o recente episódio do erro americano que vitimou inocentes no Afeganistão.
Por maior que seja o erro cometido, não justifica alguém vir defender o ensandecido regime cubano. Um erro não justifica outro. Maltratar preso político que não é bandido, a ponto de um dissidente fazer greve de fome e morrer para denunciar a estupidez de um regime que tem servido de modelo, pasme, para políticos brasileiros que se consideram nacionalistas e defensores dos Direitos Humanos, é uma vergonha!
Como não pode envergonhar o Brasil ver o seu presidente da República fazer comentários primitivos e irresponsáveis ao afirmar: "Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade?". Onde está o seu respeito aos valores humanos ao confundir alhos por bugalhos, bandido com dissidente político? Ou ele esqueceu a sua origem? Ou a euforia com o poder - com os índices favoráveis das pesquisas - inebria a sua fraca sensibilidade cerebral?
Veja o que disse o jornalista e psicólogo cubano Guillermo Fariñas, que faz greve de fome: "Chama a atenção que um senhor proveniente da classe trabalhadora (Lula) proceda assim. A única coisa que tenho a declarar é que Lula é um cúmplice do governo cubano que se esqueceu de quando foi perseguido político da ditadura brasileira nas décadas de 60 e 70, do século passado." (Zero Hora-11/03/2010). Mas o que chama a atenção é o topete de políticos como Nilson Mourão vir como um cordeirinho ingênuo dizer que Cuba não é uma ditadura, e que o culpado de tudo são os americanos.
*Julio é Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
sexta-feira, 12 de março de 2010
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