Neste domingo, 5, a versão online do Correio Braziliense traz a matéria com o seguinte titulo: Cidade da fronteira entre Brasil e Bolívia sofre com a violência. No texto do jornalista Edson Luiz, a localidade citada é o município de Brasiléia, interior do Acre, um dos maiores trechos de tráfico de drogas do País. Segundo a reportagem, cerca de 15% da droga apreendida no mês de março no Brasil é oriunda da cidade acreana.
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Cidade da fronteira entre Brasil e Bolívia sofre com a violência
Por: Edson Luiz - Correio Braziliense
Localizado na fronteira do Acre com a Bolívia, o município de Brasileia poderia ser um dos melhores pontos turísticos e econômicos do Acre, por causa de extrativismo, comércio de produtos importados e agricultura. Porém, nos últimos três anos passou a ser considerada a cidade do medo, por causa do tráfico, roubo de veículos e violência. Uma ponte construída para integrar brasileiros e bolivianos é hoje o principal corredor de entrada de cocaína no Brasil. Por lá passaram pelo menos 15% da droga apreendida no país no mês passado. A situação é tão grave que o juiz local enviou uma carta pedindo socorro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em três anos, foram registrados 1,2 mil novos processos na cidade, que tem 9 mil habitantes na área urbana.
Na correspondência encaminhada ao presidente da República, o juiz Leandro Leri Gross afirma que a Ponte Wilson Pinheiro, construída em 2004 pelo governo estadual, não possui qualquer fiscalização. “A ponte também é utilizada para a entrada de substância entorpecente (tráfico internacional), descaminho e contrabando, fato que automaticamente gera o aumento da criminalidade”, escreveu Gross a Lula. Ele cita na correspondência diversos fatos em que presos eram reincidentes por várias vezes. Um deles, por exemplo, de um ladrão de motocicleta, que havia sido detido pela quinta vez.
A partir da construção da Ponte Wilson Pinheiro, Brasileia se transformou em uma espécie de Foz do Iguaçu, por onde passam produtos contrabandeados, droga e armas. De toda a cocaína apreendida (pouco mais de uma tonelada) em março no país, cerca de 200kg partiram de lá. “Houve um aumento considerável do tráfico”, diz Gross. Segundo ele, apenas quando o Exército ocupou a fronteira, por causa dos conflitos na Bolívia, houve uma queda. “Mesmo assim, nos últimos três anos tivemos um crescimento de 100% nos processos criminais”, ressalta o juiz. O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, afirmou que vai aumentar o efetivo da corporação não apenas na cidade, mas em outros estados da Amazônia, com novos agentes que se formaram recentemente.
Pedido
Gross disse ao Correio que os principais fatos ocorrem nos fins de semana, quando a cidade recebe muitos visitantes por causa da zona franca na cidade boliviana de Cobija, do outro lado do Rio Xapuri, que divide os dois países. “Apesar dos esforços e dedicação das Polícias Federal, Militar e Civil, entendo que são insuficientes para o controle da criminalidade, razões e motivos que devem ser revistos”, afirmou o juiz na carta ao presidente.
Com ruas largas, enfeitadas por coqueiros centenários, e casas de arquitetura ainda da época áurea da extração da borracha, Brasileia nasceu como distrito de Brasília, em 1938, transformando em uma das mais importantes cidades do Vale do Acre anos depois. Também foi palco de batalhas sangrentas na revolução acreana, em 1902, e de lutas pela terra, na década de 1970. Foi no município, depois de ser acusado de incitar trabalhadores rurais, que o presidente Lula foi processado pela Lei de Segurança Nacional.
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