Por Montezuma Cruz
Lembram-se do filme “Amazônia em chamas”, lançado em 1994, estrelado por Sônia Braga e pelo falecido Raul Júlia? No final da tarde desta terça-feira, familiares do líder sindicalista Wilson de Souza Pinheiro, assassinado em Brasiléia em junho de 1980, farão uma manifestação na Biblioteca da Floresta Marina Silva, em Rio Branco, para reivindicar direito de indenização à Warner Bros, dona do filme e uma das maiores produtoras de cinema do mundo. Baseado na história do líder seringueiro Chico Mendes, o filme rodado no México será exibido no auditório da biblioteca, com a presença de autoridades e dos parentes de Wilson Pinheiro.
Quase duas décadas depois da saga de Chico Mendes – morto em 1988 – correr o mundo, chega a vez da família do sindicalista Wilson Pinheiro lembrar à Warner Bros que ele também contribuiu para a obra. Por isso, a Biblioteca Marina Silva viverá um momento especial, lembra o seu coordenador do Departamento da Diversidade Socioambiental e do site da instituição, Carlos Edegard de Deus.
Carlos Edegard lembra que Ilzamar Mendes, viúva de Chico Mendes, e os filhos do líder sindical tiveram, recentemente, a liberação da indenização pelas imagens. Por sua vez, a família de Wilson Pinheiro até hoje nada recebeu.
O longa de 128 minutos dirigido por John Franckenheimer foi baseado em fatos reais e no livro "The Burning Season", de Andrew Revkin. Conta a história de Chico Mendes, mas não foi filmado em Xapuri, o que lhe permitiria ser ainda mais real. Mesmo assim, obteve várias premiações. Foi vencedor do Emmy de Melhor Diretor e Ator e também do Globo de Ouro de Melhor Ator e Filme de Televisão.
Foi o último trabalho de Raul Julia – no papel de Chico Mendes – e o produtor inglês David Puttnam levou anos realizar o sonho. “Amazônia em Chamas” deu a Sônia Braga – que interpretou uma fotógrafa ecologista – indicações de atriz coadjuvante para o Emmy e o Globo de Ouro.
Pinheiro foi morto em 21 de junho de 1980 com um tiro na nuca, pelas costas, a mando de latifundiários. Estava reunido numa sala, com outros dirigentes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Além de presidente do sindicato, também presidia a Comissão Municipal do PT.
Após a exibição de “Amazônia em Chamas”, o advogado Paulo Dinele fará uma palestra para o entendimento do caso. São esperadas as famílias dos dois líderes sindicais mortos e de convidados. A exibição e a palestra serão abertas ao público.
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