terça-feira, 15 de julho de 2008

Com verba polpuda, saúde ainda é minguada no interior do Acre

Acre recebe R$ 11,7 milhões, mas não evita mortes por malária em hospital do Juruá.

BRASÍLIA
– Mesmo recebendo R$ 19,5 milhões para ações de vigilância em saúde, dos quais, 60% (R$ 11,7 milhões) se destinaram à prevenção e ao controle da malária no período 2003-2008, o governo acreano não tem conseguido evitar mortes causadas pela doença. A Agência Amazônia obteve esses valores com o coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária do Ministério da Saúde, José Lázaro de Brito Ladislau.

Em Cruzeiro do Sul, na fronteira com o Peru, Maria Caroline Silva de Lima, de apenas três anos, vítima de malária Falciparum, teve convulsão e morte cerebral no dia 12 de junho no Hospital Regional do Juruá. O hospital é um dos mais procurados por vítimas dessa doença.

Carros, microscópios e GPS

No final de 2007 o Ministério da Saúde repassou mais R$ 503 mil para a intensificação dessas ações. Só para a capacitação de profissionais, o Acre embolsou R$ 1,98 milhão em cinco anos.

Segundo Ladislau, entre outros equipamentos o ministério doou ao Acre 140 pulverizadores; 109 microscópios bacteriológicos; 26 picaps cabine dupla 4 x 4; dez picaps cabine dupla 4 x 2; 128 motocicletas; 104 bicicletas; dois botes de alumínio de dez metros de comprimento; 40 botes de alumínio; 44 motores de pôpa de 25 HP; 16 aparelhos de GPS; (Global System Position) 31 grupos geradores; e 37 kits de informática.

Enquanto isso os servidores se queixam que nem sequer conseguiram o direito a uma consulta decente e medicamentos eficazes no controle da doença que também os atacou. Eles contradizem o argumento da Secretaria de Saúde do Acre – usado na peça de defesa à Justiça Federal – de que recebiam "equipamento adequado e acompanhamento médico para a captura de mosquitos". “Nunca tomei o medicamento Primaquina para a prevenção da doença. Nunca houve nem há médicos lotados no Setor de Endemias de Cruzeiro do Sul”, relatou o agente Marcílio Ferreira à PF.

Segundo Ferreira, quando algum agente adoecia e precisava ir ao médico, tinha que recorrer ao hospital público. O agente Jamisson Rodrigues Guimarães confirmou o que ele disse. Contou ter contraído malária três vezes, todas elas em conseqüência da captura do anofelino. Guimarães também relatou que nunca recebeu um atestado médico para faltar ao serviço e se recuperar da malária adquirida no trabalho de isca.

MONTEZUMA CRUZ
montezuma@agenciaamaoznia.com.brEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo

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