Agência Amazônia
Os números são a dor de cabeça de muita gente. Eles não perdoam a mentira. É o que acontece com os números relativos ao desenvolvimento sócio-econômico do Acre. A recente exposição que o governador do Acre, Binho Marques (PT) fez a mais de 100 vereadores e deputados acreanos, e repercutida em longo discurso do senador Tião Viana (PT-AC) no Senado, não resiste a uma pequena olhadela nos números verdadeiros.
Vejamos o que dizem os relatórios do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Programas do MDS chegam a 355 mil dos 608 mil habitantes do Acre
O Estado do Acre recebe do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por ano, R$ 180,8 milhões para execução de programas sociais. As ações nas áreas de transferência de renda, assistência social e segurança alimentar beneficiam 355mil pessoas. O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do País, transfere por mês R$ 6,2 milhões para 57,5 mil famílias acreanas.
Assistência Social – Para os programas de assistência social até setembro de 2009, o Ministério destinou R$ 74,7 milhões para realizar 112 mil atendimentos no Acre. O MDS investiu R$ 2,8 milhões no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) no Estado, para tirar 12,8 mil crianças e adolescentes do trabalho até setembro de 2009. Cerca de 3,1 mil jovens são beneficiados com o programa Projovem Adolescente, que aplicou R$ 582,9 mil até setembro de 2009. No Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), os 25 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) atendem 73,1 mil pessoas com repasse de R$ 1,5 milhão.
Segurança Alimentar – Os repasses do governo em segurança alimentar no Acre alcançam R$ 2,7 milhões, atendendo 13,4 mil pessoas. O Programa de Aquisição de Alimentos visa incentivar a produção de alimentos pela agricultura familiar. O Restaurante Popular em Rio Branco, já em funcionamento, recebeu R$ 1,3 milhão. O objetivo é proporcionar à comunidade, alimentação saudável a preços populares.
Só por ai, já se pode afirmar que são falsos os dados apresentados pelo governador e pelo senador, de que a pobreza no Acre está restrita a 38% da população. Mas não é só isso.
Os dados dos relatórios do MDS se referem apenas aos pobres alcançados pelos programas do Ministério. A pobreza é muito maior. São exatamente 82.227 famílias cadastradas no perfil do bolsa família, ou seja, possuem renda per capita inferior a 140 reais. No perfil do cadastro único (renda per capita inferior a R$ 232,50), existem 89.182 famílias.
Em síntese, dos 188 mil arranjos familiares identificados no Acre, 47% estão cadastradas como pobres no MDS, sendo que o Ministério somente consegue atender 57,5 mil (30,05%).
Para contextualizarmos, vejamos o que dizem os números sobre Rondônia, que é um estado vizinho sempre acusado de má gestão, desperdício e corrupção pelos petistas acreanos. Os dados são igualmente do MDS.
Programas do MDS chegam a 602 mil dos 1,5 milhão de habitantes de Rondônia
O Estado de Rondônia recebe do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por ano, R$ 329,8 milhões para execução de programas sociais. As ações nas áreas de transferência de renda, assistência social e segurança alimentar beneficiam 602 mil pessoas. O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do País, transfere por mês R$ 11 milhões para 112,5 mil famílias de Rondônia.
Assistência Social - Para os programas de assistência social até setembro de 2009, o Ministério destinou R$ 140,7 milhões para realizar 171 mil atendimentos em Rondônia. O MDS investiu R$ 2,8 milhões no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) no Estado, para tirar 12,8 mil crianças e adolescentes do trabalho até setembro de 2009. Cerca de 1,9 mil jovens são beneficiados com o programa Projovem Adolescente, que aplicou R$ 854,3 mil até setembro de 2009. No Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), os 33 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) atendem 85,4 mil pessoas com repasse de R$ 2 milhões.
Segurança Alimentar - Os repasses do governo em segurança alimentar em Rondônia alcançam R$ 3,3 milhões, atendendo 36,5 mil pessoas. O Programa de distribuição de Cestas de Alimentos destina R$ 67 mil para beneficiar 4,3 mil pessoas com um total de 1,2 mil cestas distribuídas.
Dos 488 mil arranjos familiares identificados em Rondônia, 159 mil (32,7%) estão no perfil cadastro único de pobreza e 145.492 estão no perfil bolsa família (29,82%). O Ministério do Desenvolvimento Social consegue atender no Estado apenas 112,5 mil famílias, ou seja 23,0% de todas as famílias.
Uma das conclusões que se pode extrair dos dados oficiais é que no Acre a pobreza é 43,7% maior que em Rondônia, portanto cai por terra todo o discurso ufanista e falso do grupo que há 10 anos governa o Acre contando para isto com a boa vontade do Governo Federal que nos oferece a maior taxa de transferência de recursos per capita do Brasil. Não há dinheiro que baste quando o projeto é equivocado.
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