sábado, 23 de maio de 2009

DESARTICULADA QUADRILHA QUE TRAZIA CHINESES PARA O BRASIL

Por Luiza Archanjo
Porto Velho - RO

Agentes a Polícia Federal desmantelaramontem(22) uma organização criminosa responsável entrada de dezenas de chineses ilegais no Brasil. Integrantes da quadrilha foram presos em Rondônia, São Paulo e Pernambuco. A operação, batizada de Da Shan, foi pedida pelo Ministério Público Federal e a PF em Rondônia.

Ontem, a Justiça Federal expediu 14 mandados de prisão preventiva, sendo dez em Porto Velho (RO); dois em Guajará-Mirim (RO), cidade localizada na fronteira com a Bolívia; e dois em São Paulo (SP). Outros dois mandados de prisão são contra pessoas que moram no exterior. A PF também cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Porto Velho, Guajará-Mirim, São Paulo e Recife.

O MPF denunciará os suspeitos por trabalho escravo, falsidade ideológica, uso de documento falso, contrabando ou descaminho, aliciamento de trabalhadores e formação de quadrilha, além de introdução de estrangeiro clandestinos em território nacional. Estes crimes têm penalidades que variam de um a oito anos, cada. O procurador da República Heitor Alves Soares informou que “a atuação conjunta do MPF e da PF foi fundamental para o sucesso da operação”.

Organização internacional

As investigações da Operação Da Shan tiveram início em setembro do ano passado, após várias prisões em flagrante de chineses entraram no país vindos da Bolívia. Os chineses foram presos em Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena, em Rondônia. A partir de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, descobriu-se uma organização criminosa transnacional. Durante as investigações, alguns chineses foram presos em flagrante quando tentavam embarcar no aeroporto de Porto Velho com documentos falsos e outros na BR-364, na capital rondoniense. Eles estavam acompanhados de “coiotes”, pessoas que facilitavam a entrada ilegal.

Na época, os documentos apreendidos com os chineses deram a rota do transporte clandestino: ele partiam de Fuzhou, capital de Fujian, na China, com destino a Pudong, distrito de Shangai. Depois, eles passavam por Amsterdã, na Holanda e, finalmente, ingressavam no continente sul-americano pela cidade por Guayaquil, no Equador. De lá, os chineses seguiam para as cidades de Lima, Arequipa e Puno, no Peru. Ao chegar às margens do lago Titicaca, os chineses entravam na Bolívia e, em seguida no Brasil, pela cidade de Guajará-Mirim. Todos os chineses flagrados irregularmente no País tinham como destino a cidade de São Paulo.

Contrabando de mercadorias

Um grupo de “coiotes” que agia em Rondônia foi identificado e apurou-se que alguns deles agiam a mando de uma paraguaia chamada Hilda Beatriz Goiri, com atuação na Bolívia e Paraguai. Antes da Operação Da Shan, Hilda já havia sido presa em flagrante no começo deste ano, quando entrou no Brasil pela fronteira de Foz do Iguaçu (PR), transportando chineses ilegalmente.

O chinês Zhu Ming Wen, conhecido como Toni, foi identificado pela PF sendo o líder da quadrilha. Ele mora em São Paulo e tem visto permanente no Brasil. Há suspeitas de que ele também atue na área do contrabando, com o transporte de mercadorias, via aérea, de São Paulo para Recife.

A hierarquia da quadrilha era em quatro níveis: na base estavam os “coiotes”, que transportavam os chineses de Rondônia a São Paulo. No segundo nível atuavam os gerentes dos “coiotes”, que comandavam os primeiros e eram os intermediários. O terceiro nível era formado pelos articuladores internacionais, entre os quais a paraguaia Hilda Goiri. O chefe do grupo seria o chinês Zhu Ming Wen, que controlava a chegada dos estrangeiros na cidade de São Paulo.

Nome da Operação

De acordo com as investigações, muitos dos chineses introduzidos irregularmente no Brasil são da região de Fujian, na China, conhecida como Da Shan (Grande Montanha), que abriga algumas das maiores e mais lucrativas fábricas de produtos falsificados do mundo. Essas instalações, construídas no interior da montanha, produzem milhões de cigarros por dia, que são comercializados no imenso mercado doméstico chinês ou levados em contêineres para outros países da Ásia, Estados Unidos e regiões mais distantes.

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