BRASILÉIA, AC – Mesmo tendo assumido o compromisso o governo brasileiro, o presidente da Bolívia, Evo Morales, não deverá recuar da decisão de expulsar cerca de 1, 5 mil famílias de brasileiros que vivem há mais de 30 anos em seringais do país vizinho na região de fronteira com o Acre e Rondônia. Os indícios do não cumprimento do acordo, firmado há duas semanas no Acre, quando Lula se encontrou com Morales, foram levantados esta semana por jornalista da cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Pela segunda vez em dois meses, a Frente Parlamentar Brasil-Bolívia cancelou uma viagem a La Paz, para discutir o atraso na conclusão do censo migratório no Pando. Os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Fernando Melo (PT-AC) e Sérgio Oliveira "Petecão" (PMN-AC) estavam com malas prontas para a viagem, na quinta-feira, e receberam a comunicação da presidência da Câmara, de que o governo boliviano preferia recebê-los noutra oportunidade. A Âgência Amazônia apurou que Evo Morales pretende eleger dois senadores no Pando, para minar a resistência de seus opositores. Mais preocupado com a representação política que lhe seja favorável, não perderia tempo em receber uma delegação de políticos brasileiros.
Segundo os jornalistas bolivianos, o prazo fixado pelo governo Evo Morales para a saída dos brasileiros é o mês de outubro. As famílias brasileiras alvo de expulsão vivem em seringais e pequenas propriedades da Bolívia, numa faixa de 50 quilômetros na área fronteiriça com o Acre e Rondônia. Esses brasileiros trabalham basicamente na coleta de castanha e na produção de borracha.
Até o final do mês de agosto passado, o clima ficou tenso depois que agentes do governo Evo Morales passaram a 'visitar' os colonos para adverti-los que deveriam sair das localidades levando apenas o que pudessem. Políticos do Acre, principalmente, passaram a cobrar ações enérgicas por parte de autoridades do Brasil. Nas áreas hoje ocupadas por brasileiros, Evo Morales pretende assentar colonos e plantadores de coca vindo de outras regiões bolivianas.
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