domingo, 13 de setembro de 2009

"ELES TÊM MEDO DA VERDADE"

Nayanne Santana
Do Jornal A Tribuna

O advogado criminalista Sanderson Moura foi categórico ao declarar que não tem medo de a verdade ser revelada no julgamento do caso Baiano. A defesa de Hildebrando Pascoal, ex-deputado federal pelo Estado do Acre, arrolou no processo as mesmas testemunhas que a acusação.

As duas principais testemunhas são Waltemir Gonçalves de Oliveira, o Palito, que disse no depoimento à CPI do Narcotráfico em 1999 ter filmado a execução de Agílson Firmino dos Santos, o Baiano. Contudo essa fita nunca foi apresentada à sociedade e à imprensa.

Além de Palito, a outra testemunha é Irineu Batista. Mas o advogado contou que desconhece o endereço de ambos, porque eles faziam parte do programa de proteção à testemunha.
“Eles [Ministério Público do Estado] é que sabem do endereço e que devem mostrar. Essas são as principais testemunhas.”, declarou.

Outra testemunha que deveria ser convocada para participar do julgamento de Hildebrando Pascoal é o desembargador Gercino da Silva Filho, que na época era presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), mas, segundo informações, Gercino teria dito que só viria depor no Acre se tivesse segurança federal.

Em dezembro de 2008, o jornalista Marcos Venícios informou em seu blogue (http://www.venicios.blogspot.com/) que o ex-presidente do TJ-AC perdeu a segurança que era feita pela Polícia Federal (PF). Desde a época de combate ao esquadrão da morte, Gercino Silva tinha segurança da PF.

Sanderson diz que o desembargador não deveria temer vir ao Acre sem segurança federal, porque o governo informa que o Estado ficou mais seguro depois que foi desmontado o esquadrão da morte.

“A recusa de ele vir ao Acre é o medo da verdade, porque o Hildebrando será julgado no Acre, vai se defender e ter defesa. Então, é uma circunstância em que a verdade vai ter que ser apresentada, e ele não tem condições de sustentar o que falou aqui, no nosso Acre.”, ressaltou.

Prejuízos às instituições
O advogado diz que o fato de o MPE não ter informado se as testemunhas deverão ou não comparecer ao julgamento, marcado para o dia 21 deste mês, pode ser um prejuízo não para a defesa do réu, mas para a credibilidade do MPE.

“De todas as instituições que fizeram dele [Gercino] a principal prova, precisa trazê-lo pessoalmente para que a imprensa, os jurados, para que o réu e a defesa vejam qual é a credibilidade, frente a frente”, afirmou Moura.

Segundo o criminalista, se essas testemunhas que foram peças chaves no passado não reaparecerem no julgamento, o maior prejudicado é a acusação. Ele diz que a defesa quer que essas testemunhas apareçam e prestem esclarecimentos à Justiça para mostrar que a defesa de Hildebrando não teme depoimento algum.

“A nossa defesa está baseada na força das provas dos autos, que é desconhecida, porque, na época, todo mundo só dava ouvidos para a acusação”, conclui.

Perfil
Jovem advogado criminalista, formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) com um desafio pela frente, esse é Sanderson Moura. O criminalista pode ser considerado no mínimo como audacioso pela sociedade.

Com uma carreira recém-iniciada, Sanderson terá em seu currículo profissional uma grande batalha, ele será o advogado de Hildebrando Pascoal, ex-deputado federal pelo Estado do Acre, principal acusado do processo do crime da motosserra ou do caso baiano, que se iniciou há 10 anos.

Em seu perfil no blogue http://sandersonmoura.blogspot.com/, Sanderson informa que é fundador da Associação dos Advogados Criminalistas do Acre (Acrim) e primeiro presidente. Membro da Comissão de Defesa de Prerrogativas da OAB-AC.

O jovem criminalista que é tido como um pupilo da advogada e procuradora de Justiça Salete Maia, que faleceu em novembro do ano passado.

É público e notório que o advogado tem profundo respeito pela advogada que também foi professora dele, mas agora o criminalista tem em suas mãos uma causa onde que ela estava do outro lado. Na época em que os gestores e magistrados do Acre combateram o esquadrão da morte, Salete foi uma das autoridades que na época ajudou a desarticular o esquadrão da morte, que, segundo as investigações, era liderado pelo cliente de Sanderson Moura, o ex-deputado Hildebrando Pascoal.

Para confirmar a bravura de Sanderson Moura, ele revela em sua página na internete que tem como frase norteadora uma citação do advogado e ex-secretário de segurança Pública do Estado de São Paulo, Manuel Pedro Pimentel, que afirma: “O advogado deve ter a coragem do leão e a mansidão do cordeiro, a altivez do príncipe e a humildade do escravo, a rapidez do relâmpago e a persistência do pingo d’água, a solidez do carvalho e a flexibilidade do bambu”.

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