quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AUTORITARISMO NA POLÍTICA

José Mastrangelo

Após 40 anos do AI-5 e 50 da Carta Universal dos Direitos Humanos da ONU, o autoritarismo político volta às manchetes dos principais meios de comunicação (sites e jornais) do Estado do Acre. Coincidentemente, no dia 10 deste mês, alguns acreanos, perseguidos pelo autoritarismo do AI-5, ganharão a tão sonhada anistia. Justiça feita!

O primeiro suplente de vereador eleito de Rio Branco pelo PSDB, Rodrigo Fernandes, acusa de autoritário, com os termos de golpista, caçador de bruxas e rasteirista, Bocalom, presidente estadual do PSDB, em carta aberta, publicada no dia 3 do corrente.

O líder do PSDB na Assembléia Legislativa, dep. Donald Fernandes, em discurso da tribuna, no dia 4 de dezembro, com tom firme e grave, alfineta o presidente de seu partido, definindo-o de autoritário, golpista, rasteirista e retrógrado.

No dia 9 de novembro, em carta aberta, o presidente estadual da juventude do PSDB, Renecleyton Silva, já havia atacado Bocalom, chamando-o de rasteirista. O presidente do PSDB jovem municipal (Rio Branco), a presidente do PSDB mulher estadual e três estagiárias do partido preferiram alçar vôos do ninho tucano, corroído de autoritarismo.

Tucanos anônimos de todas as partes do Estado seguram in pectore os apelidos de autoritário, golpista, rasteirista, retrógrado e outros, atribuídos ao presidente estadual do PSDB, aguardando que os ventos mudem de lado. Tucanos mais próximos do presidente preferem fazer comentários maliciosos longe de seu alcance, nos famosos bastidores, por conveniência. Hipocrisia!

O PSDB condena o seu presidente, quando o enquadra no art. 2 do Estatuto, que diz: “O PSDB tem como base a democracia interna e a disciplina e, como objetivos programáticos, a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático e participativo”.

Segundo as cartas abertas e a opinião in pectore e de tucanos anônimos, o presidente estadual do PSDB compõe a lista de pessoas autoritárias, que o partido rejeita pelos princípios estatutários e pela sua trajetória histórica. O PSDB foi contra o golpe de ’64 e seu AI-5. Pelo autoritarismo do golpe de ‘64 e seus mecanismos de força, alguns de seus militantes foram perseguidos, mortos e exilados. Não é o caso de Bocalom que, por pertencer ao partido da Arena, apoiou e concordou com os métodos autoritários do regime, usurpado à vontade do povo.

O PSDB condena o autoritarismo de esquerda e de direita. Nasce, rompendo com os pontos autoritários da teoria marxista À esquerda, refuta Stalin (Stalinismo). À direita, rejeita Hitler (Nazismo) e Mussolini (Fascismo).

O autoritarismo é um mal a ser combatido permanentemente. Hoje, o autoritarismo se infiltra nos partidos democráticos, como o PSDB, para desviá-los de suas rotas. Mostra a sua cara com golpes, rasteiras e “caça às bruxas”. Para compensar essa face bruta e ruim, aparece com a outra, suave, doce, amável e farta em sorrisos, abraços e beijos. Prefere a escuridão para tramar e, de madrugada, dar o beijo fatal da traição.

Nesse sentido, o autoritarismo é um mal incurável. É o principal item da psicopatia que, segundo pesquisas científicas, ataca 25% da população brasileira. Todo cuidado é pouco para conter o surto desse vírus letal. É contagioso. A sua presa predileta é o animo pusilânime. Chega! No próximo dia 10 de dezembro, data da promulgação da Carta Universal dos Direitos Humanos da ONU, estarei lá, para comemorar a liberdade resgatada (anistia), que alguns companheiros perderam pela força do autoritarismo do golpe de ’64. Infelizmente, o companheiro Josué Fernandes não se fará presente. Ele se foi nesse último sábado, retornando sobre asas à morada segura da liberdade.

*José Mastrangelo é Doutor em Teologia e tambem escreve para o site Folha do Acre.

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