sábado, 3 de outubro de 2009

O PONTO DA SUCESSÃO

Jose Mastrangelo*

No Estado do Acre, os pretendentes, que se declaram à sucessão do Palácio Rio Branco, adotam estratégias diferentes para atrair o eleitorado. O senador Tião Viana, do PT, diz que ainda precisa sonhar (com ele) para dar continuidade às obras do atual governador, Binho Marques. O seu visual mudou de água para vinho. Desapareceu a careca luminosa na frente de sua testa redonda. Para encobrir a calvície, aparece com uma frondosa floresta escura que, em verdade, o faz mais jovem. O que aconteceu? Manipulação da natureza ou milagre dos produtos dos povos da floresta? Bocalom, do PSDB, não modificou o visual. A careca o incomoda, mas nada pode fazer para manejá-la sustentavelmente e encobri-la. Prefere passar a mão na careca que reflorestá-la. É contra a floresta. Para ele, o boi é mais rentável. Busca semear 45 sementes selecionadas para produzir e empregar. A sua retórica é conhecida, assim como o seu caráter, presunçoso, arrogante e autoritário. O vereador da Capital, Rodrigo Pinto, do PMDB, não pia. Fica calado. Não, minto. Acaba de abrir o bico. Protestou contra a passeata gay, realizada no último dia 20, que qualificou de “Sódoma e Gomorra”. Não gostou de ver mulher beijando mulher e homem beijando homem.

O senador Tião Viana lidera a corrida sucessória. Para ele, a sua vez é esta, dentro do PT. Não abre para ninguém. Não há argumentos, que o façam remover dessa decisão, já tomada há tempo. Não há possibilidade alguma de voltar atrás, a menos que um processo “eleitoral” possa tirá-lo da disputa, caso o Tribunal Superior Eleitoral resolva considerar o seu primeiro suplente, Aníbal Diniz, impedido de assumir a sua vaga de senador por não ter se afastado em tempo nas últimas eleições do cargo de confiança, que exercia no governo estadual. Não daria de graça o cargo de senador para o seu segundo suplente, Coelho, ligado ao deputado federal, Petecão.

Tião Viana afirma que pretende reeditar o modelo de “desenvolvimento sustentável”, que já é adotado pelos governos do PT, no Acre. A construção de obras de infra - estrutura é a sua prioridade de governo. Para ele, a população mais carente, marginalizada e excluída, ficará pendurada das bolsas – família.

Bocalom, do PSDB, ataca diversos itens do modelo de “desenvolvimento sustentável”. Numa entrevista, concedida ao jornalista Dilson Ornelas, descasca grosso, quando diz que “a ‘florestania’ não gerou os empregos prometidos e não construiu casas populares”, “a exploração da floresta não passa de picaretagem”, “o governo do PT não tem política de industrialização”, “o produtor rural é perseguido”, “o comerciante é extorquido”, “o povo sente-se o tempo todo intimidado e vigiado”, “a história do petróleo é para enganar o povo”, “a BR-364 é uma lavagem de dinheiro”, “não tem saúde de qualidade”, “não há liberdade”, “a imprensa é controlada pelo governo”, “os índios estão desanimados com o governo”. Na mesma entrevista, Bocalom apresenta o pequeno município de Acrelândia como exemplo de desenvolvimento.

O vereador da Capital, Rodrigo Pinto, do PMDB, ainda não saiu do ninho para piar. Apareceu para protestar contra a passeata gay, realizada no último dia 20, em Rio Branco, que qualificou de “Sódoma e Gomorra”.

*José Mastrangelo - Filósofo e Teólogo

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