quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"APOIO SEN. TIÃO VIANA"

O Ministério Público Eleitoral no Acre representou junto à Justiça Eleitoral contra o senador Tião Viana (PT), o prefeito do município de Jordão, Hilário de Holanda Melo (PT), a empresa Wilken Perez Comunicação Visual, além de Mirna Borges de Oliveira, servidora da prefeitura de Jordão e nora do prefeito Hilário, e o filho do prefeito, Zózimo Garcia Melo. A representação se deve ao fato de terem sido expostos adesivos com os dizeres: “Apoio Sen. Tião Viana” em um carro doado pela Polícia Federal e transformado em ambulância pelo prefeito.

Em fevereiro de 2009 foi instaurado inquérito civil na Procuradoria da República no Acre para apurar a possível prática de ilícitos. Por ter sido verificado o uso de verbas municipais para a aplicação da publicidade, encaminhou-se cópia dos autos ao Ministério Público Estadual para apuração de possível improbidade administrativa por parte dos responsáveis.

Leia mais
no site da Procuradoria da República no Acre.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

UNINORTE À VENDA

A Kroton Educacional anunciou que negocia a compra do Grupo Iuni, que reúne a Iuni Educacional, União de Escolas Superiores de Rondônia (Uniron), Instituto de Ensino Superior do Acre (Iesacre) e União Educacional do Norte (Uninorte).

Leia mais no Blog do Edmilson.

ou então na área para assinantes do portal Valor Online:

-Kroton está mais perto de comprar Iuni
-Nova onda de consolidação no ensino superior começa em 2010
-Universidades privadas vivem consolidação

domingo, 24 de janeiro de 2010

PROCURADORES INVESTIGAM COMPRA HELICÓPTEROS

A negociação de R$ 123,7 milhões para a compra e a venda de helicópteros para ao menos 14 estados está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF). A suspeita é de fraude nos processos licitatórios, incluindo direcionamento para que uma empresa fosse vencedora dos pregões e superfaturamento. Os recursos para a compra das aeronaves são do Ministério da Justiça e foram transferidos para os estados por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública (Funsp). Desde 2000, a pasta investiu R$ 274 milhões em aviação.

No centro das investigações está a Helibras, empresa mineira que é a única fabricante de helicópteros na América do Sul. Com mais de três décadas de atuação, o capital da Helibras está dividido entre a francesa Eurocopter Participacions, a Bueinvest Representações Comerciais, do banqueiro Edmond Safdié, e a MGI Minas Gerais Participações, do governo mineiro.

A presidência do Conselho de Administração está nas mãos do ex-governador do Acre, o petista Jorge Viana, que já manifestou disposição de concorrer ao Senado este ano. Recentemente, a Helibras garantiu novos contratos milionários com o governo federal. Incluindo um projeto para a modernização de 34 helicópteros do Exército e a produção de 50 aeronaves para as Forças Armadas. Segundo informações da própria empresa, no segmento de bombeiros, polícia e entidades públicas, é líder de mercado com mais de 80% de participação.

A apuração das irregularidades começou no fim do ano passado, no Acre, terra natal e berço político do petista. Lá, a empresa faturou num pregão contrato de R$ 7,9 milhões para fornecer um helicóptero para o Programa Nacional de Segurança e Cidadania (Pronasci), menina dos olhos do ministro da Justiça, Tarso Genro.

O modelo adotado pela administração estadual para a compra do produto foi considerado inadequado. “(O pregão) é para bens comuns e o helicóptero não é”, defende o autor do inquérito, o procurador Ricardo Gralha Massia (MPF-AC). A investigação questiona o alto valor pago pela aeronave e a constatação de que não houve participação efetiva de outro licitante no processo licitatório. A TAM, representante da montadora norte-americana Bell, desistiu e apenas a Helibras se manifestou, contrariando a legislação. O mesmo ocorreu em outros estados durante a compra de helicópteros.

Em relação aos preços praticados pela empresa, os valores são flutuantes. Análise dos processos licitatórios mostra que a mesma aeronave foi vendida com preços diferentes. O modelo multimissão registrou diferença de R$ 6 milhões até R$ 11 milhões. Já o Esquilo variou de R$ 6 milhões a R$ 7,3 milhões.

Com a intenção de criar um critério comparativo, todos os estados foram oficiados sobre compra de aeronaves para o mesmo fim. Nem todos responderam até o momento. O MPF pediu também a instauração de inquérito na Polícia Federal e processo de tomada de contas especial no Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar possíveis irregularidades. De acordo com a Comissão de Aviação de Segurança Pública do ministério, 24 estados adquiriram aeronaves nos últimos anos.

Leia a reportagem de Alana Rizzo, no Correio Braziliense.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O BERÇO DO ESQUEMA DO PANETONE

A Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, revelou ao país cenas estarrecedoras sobre um esquema de caixa dois e pagamentos de propinas a políticos de Brasília. Primeiro, surgiram os vídeos de políticos escondendo dinheiro em sacolas, meias e até na cueca. Em seguida, a insólita declaração, às vésperas do Natal, de que o dinheiro nas mãos do governador de Brasília, José Roberto Arruda, se destinava à compra de panetones. Agora, a PF investiga documentos e anotações apreendidos nas casas e nos gabinetes dos principais assessores de Arruda. Na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda, os policiais encontraram duas cartas que têm potencial para ganhar lugar de destaque no acervo das peças sobre corrupção no país.

Leia o material completo na revista Época.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

DEDA AMORIM E O TWITTER

O Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC), acatando representação do Ministério Público Eleitoral, condenou Francisco Vagner de Santana Amorim, o Deda Amorim, por propaganda eleitoral antecipada em sua página pessoal no site Twitter. O acórdão, relatado pela Desembargadora Eva Evangelista, obriga a retirada das postagens com teor ilegal, além do pagamento de multa no valor de R$ 5 mil.

Pela representação apresentada pelo procurador regional eleitoral substituto Paulo Henrique Ferreira Brito, Deda Amorim teria inserido mensagens de textos com nítido caráter eleitoral, promovendo propaganda eleitoral com vistas à eventual futura candidatura ao pleito de 2010, embora antecedendo o prazo fixado pelo art. 36 da Lei nº 9.504/97, que autoriza a propaganda apenas eleitoral a partir do dia 06 de julho do ano das eleições.

Na página pessoal do candidato estavam expostas mensagem como “Sou candidato a deputado estadual” (18:23 30/Set) acrescentando que, a partir de conversas com amigos e aliados “... decidimos que sairei candidato a deputado estadual e minha esposa abre mão da reeleição” (18:29 30/Set). Amorim já cumpriu a ordem exarada pela Corte Eleitoral para retirada do material, tendo excluído sua página pessoal no servidor do Twitter.

O texto é da Assessoria do MPF.

sábado, 16 de janeiro de 2010

I GOTTA FELLING

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MILITARES EM POLVOROSA

Está decidido: a PEC 300, que cria piso salarial de R$ 4,5 mil aos policiais militares e bombeiros, será a primeira proposta a ser votada no Congresso Nacional, no retorno do recesso legislativo. Porém, a polêmica deve dar o tom dos debates, com uma roupagem político-eleitoreira, considerando ser 2010 um ano eleitoral. Ou seja: a mesma PEC prevê a equiparação com policiais e bombeiros do Distrito Federal. Caberá ao Plenário, em dois turnos de votação, decidir qual das duas formas será utilizada.

Deputados de diferentes partidos já manifestaram simpatia para segunda proposta, o que motivará, sem dúvida, a composição de caravanas estaduais para fazer pressão em Brasília, na segunda quinzena de fevereiro, provavelmente.

A dúvida é: como a Bancada federal do Acre irá se comportar diante desta proposta. Qual das duas alternativas a maioria dos senadores e deputados acreanos seguirá?
Para que se tenha uma idéia, um soldado no Rio de Janeiro recebe R$ 800,00 para combater criminosos de quadrilhas organizadas do tráfico de drogas. É um salário que não condiz com um trabalho tão perigoso. Portanto, essas disparidades precisam ter fim e a equiparação com a remuneração do Distrito Federal me parece ser a mais óbvia e justa.

O que poucos sabem é que, no caso do DF, exigem-se nível superior para ingresso na PM por meio de concurso público. E lá os salários são pagos pela União, que, obviamente, detém caixa forte.

Trocando em miúdos: embora de efetivo irrisório, um Acre da vida terá condições de arcar com despesas astronômicas? Confira abaixo o soldo do militares do DF, os mais invejados inclusive de muitos países sul-americanos:

SALÁRIOS DOS POLICIAIS MILITARES DO DISTRITO FEDERAL

-Oficiais Superiores
Coronel — Cel PM
R$ 15.355,85
Tenente-Coronel — Ten Cel (ou TC) PM
R$ 14.638,73
Major — Maj PM
R$ 12.798,35

-Oficial Intermediário
Capitão — Cap PM
R$ 10.679,82

-Oficiais Subalternos
Primeiro-Tenente — 1º Ten PM
R$ 9.283,56
Segundo-Tenente — 2º Ten PM
R$ 8.714,97
Praça Especial
Aspirante-a-Oficial — Asp Of PM
R$ 7.499,80

-Praças Graduados

Subtenente — STen PM
R$ 7.608,33
Primeiro-Sargento — 1º Sgt PM
R$ 6.784,23
Segundo-Sargento — 2º Sgt PM
R$ 5.776,36
Terceiro-Sargento — 3º Sgt PM
R$ 5.257,85

-Praças
Cabo — Cb PM
R$ 4.402,17
Soldado 2º Classe — Sd PM
R$ 4.056,59
Soldado 2º Classe (aluno) — Sd PM
R$ 3.072,51

domingo, 10 de janeiro de 2010

THE HOUSEMARTINS

sábado, 9 de janeiro de 2010

PV REALÇARÁ SEMELHANÇAS DE MARINA E LULA

Marcelo de Moraes
Da Agência Estado

BRASÍLIA - A senadora Marina Silva (PV-AC) vai aproveitar o início do ano para acertar a equipe e as linhas de ação de sua candidatura. O primeiro movimento será sua apresentação no programa do partido, que irá ao ar em rede nacional de TV e rádio no dia 10 de fevereiro. Pela primeira vez, ela falará diretamente para os eleitores na condição de candidata e sabe que precisa se tornar mais conhecida. O PV celebrará sua entrada no partido e apresentará sua trajetória política e de vida, buscando até semelhanças com a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como Lula, a origem de Marina é humilde e personagem de grande carisma. Trabalhou nos seringais do Acre, sofreu contaminação por mercúrio e conseguiu se alfabetizar tardiamente. Ela será a estrela do programa, dirigido pelo cineasta Fernando Meirelles, do filme Cidade de Deus. O diretor é um dos novos "cardeais" que vêm se agregando à campanha, como é o caso do empresário Guilherme Leal, da Natura, possível vice na chapa presidencial de Marina.

Mas há preocupações da ex-ministra do Meio Ambiente e do PV. Uma delas é desfazer impressão que pode abrir mão da disputa ou ser linha auxiliar em favor da candidatura do governador de São Paulo, o tucano José Serra, líder nas pesquisas. Marina e seus aliados acham que essa associação com Serra pode liquidar qualquer perspectiva positiva para sua candidatura. Especialmente porque ela espera herdar votos de eleitores de origem petista que, como ela não concordam com os rumos do governo federal.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

MUITO ALÉM DA LÓGICA

Mary Zaidan*

Daqui a exatos 10 meses, mais de 130 milhões de brasileiros irão às urnas para eleger o 36º presidente da República e, até o dia 3 de outubro, será elaborado e consumido todo tipo de teses e prognósticos sobre as variáveis do quadro sucessório, como se eleição obedecesse a alguma lógica.

E não faltam elementos para elucubrações, a maior parte deles hoje favorável ao presidente Lula. Sem descer um só dia do palanque desde 1989, ele usa e abusa de seu impressionante carisma e popularidade em prol de sua candidata Dilma Rousseff.

A ministra, que em tudo depende de seu patrono, pois jamais disputou uma eleição - nem mesmo para síndica, dizem as más línguas – é perfeita para o papel.

Conta em favor de Lula um PT servil e um PSDB que prefere insistir em digladiar entre seus pares, ora em disputas fratricidas, ora em questiúnculas, como a data ideal para lançar o seu agora único candidato.

Até a sua ex-ministra de Meio Ambiente Marina Silva tem contribuído. Fez muito barulho ao trocar o PT pelo PV, mas pouco se mexeu de lá pra cá.

E o incendiário Ciro Gomes, usualmente adversário dele próprio, hoje não passa de um coringa à disposição do presidente.

Fechando o cerco, o PMDB, com fartura de minutos no horário eleitoral gratuito de rádio e tevê, coloca as unhas para fora e arranha.

Fala até em candidato próprio, mas prefere dar tempo ao tempo, engraçando-se, como sempre, aos dois lados, para se aliar, pela conveniência, a quem lhe garanta a permanência no poder.

E até o DEM que jura fidelidade aos tucanos, de quando em vez cria caso, aumentando o tom de voz para ampliar espaços.

Tudo caminha para a polarização – o nós x eles -, no passo e compasso pretendido por Lula, dando a falsa impressão que é possível imprimir uma lógica quase cartesiana às eleições.

Aturdido e temente de fazer oposição a um presidente tão popular, o PSDB navega sem qualquer bússola.

O governador José Serra, há anos primeiríssimo colocado nas pesquisas de opinião, carrega a sina de travar lutas internas duríssimas a cada candidatura.

Há quatro anos foi atropelado pelo ex-governador Geraldo Alckmin, que lhe surrupiou a vez.

E agora teve de se expor ao rival Aécio Neves que, ao que tudo indica, fez que desistiu do jogo para se manter no campo.

Serra, que terá de trocar o quase certo pelo muito duvidoso, tem de lidar ainda com um PSDB que pouco ajuda e muito atrapalha.

A alma tucana é tão atormentada que boa parte das teorias de que o governador paulista vai preferir disputar a reeleição a correr o risco de ser derrotado por uma candidata inventada por Lula é, para deleite do presidente, cultivada no próprio ninho tucano.

Errático, Serra ora aduba esse tipo de intriga, mostrando-se sempre arredio a uma boa briga e engrossando o coro dos que querem lhe colar o selo da covardia, ora insiste no discurso do administrador dedicado que não vai acelerar o fim de seu mandato atual em nome de uma eleição futura.

Em outras, age como o dono da bola e da vez, magnânimo. Em nenhuma das opções, se dá ao luxo de contar àqueles que lhe conferem a liderança nas pesquisas o que pretende para o país.

Enquanto isso, Lula navega em cruzeiro, sem qualquer turbulência. Sedento, mas impossibilitado de ter um terceiro mandato direto, há tempos não pensa em outra coisa a não ser na campanha de sua Dilma.

Vitoriosa ou derrotada, ninguém melhor do que a dama fiel e leal para os planos futuros do presidente. Se perder a culpa será da ministra - dura, antipática, inexperiente.

No máximo, mais um caso nas estatísticas sobre a dificuldade de se transferir popularidade e prestígio.

Se ganhar, todos os méritos serão dele, que continuará dando as cartas, assegurando o emprego de seus asseclas e um retorno mais tranquilo quatro anos depois.

A estratégia pode até ser brilhante, mas o voto não obedece a scripts.

Embora os marqueteiros de sempre insistam em afirmar o contrário, felizmente, até hoje, ninguém conseguiu decifrar a cabeça, o coração e a alma do eleitor, combinação desprovida de qualquer lógica, da qual só esse mesmo eleitor é senhor absoluto.

*Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'.

domingo, 3 de janeiro de 2010

BORIS CASOY É "UMA VERGONHA"

Altamiro Borges*
Do Correio do Brasil

Primeiro vídeo: ao encerrar o Jornal da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de São Paulo aparecem desejando feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência, sem perceber o vazamento de áudio, o fascistóide Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes, faz um comentário asqueroso: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.

Segundo vídeo: na noite seguinte, o jornalista preconceituoso pede desculpas meio a contragosto: “Ontem, durante o programa, eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostra que não se arrependeu da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.

Do CCC à assessoria dos golpistas

Este fato lastimável, que lembra a antena parabólica do ex-ministro de FHC, Rubens Ricupero – outras centenas de comentários de colunistas elitistas da mídia hegemônica infelizmente nunca vieram ao ar –, revela como a imprensa brasileira “é uma vergonha”, para citar o bordão de Boris Casoy, com seu biquinho e seus cacoetes. O episódio também serve para desmascarar de vez este repugnante apresentador, que gosta de posar de jornalista crítico e independente.

A história de Boris Casoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.

Âncora da oposição de direita

Ainda de 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.

Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.

Nos bastidores da TV Bandeirantes

Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TV Bandeirantes.

Entidades sindicais e populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.

Na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro, Walter Ceneviva, Antonio Teles e Frederico Nogueira, entre outros dirigentes da Rede Bandeirantes, participaram de forma democrática dos debates. Bem diferente da postura autoritária das emissoras afiliadas à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), teleguiadas pela Rede Globo. Apesar das divergências, essa participação foi saudada pelos outros setores sociais presentes ao evento. Um dos pontos polêmicos foi sobre a chamada “liberdade de expressão”. A pergunta que fica é se a deprimente declaração de Boris Casoy faz parte deste “direito absoluto”, quase divino.

*Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil, autor do livro Sindicalismo, resistência e alternativas (Editora Anita Garibaldi)

sábado, 2 de janeiro de 2010

FOGOS EM RIO BRANCO

Fotos: Gleilson Miranda

CHICO BUARQUE

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO

Carlos Drummond de Andrade*

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

*Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, contista e cronista brasileiro.