domingo, 28 de novembro de 2010

OPERAÇÃO ESPANTA BANDIDO

Pedro Cardoso da Costa*

De início uma constatação: como está a bandidagem no Rio de Janeiro, só é possível realizar uma Copa do Mundo de futebol e uma Olimpíada se os bandidos consentirem. É fato.

Já as autoridades repetem a cantilena de empáfia ao afirmar de que agora vai! Quantas vezes e por quantos governadores essa frase já foi repetida e ninguém reproduz, nem na mídia. E a guerra está decretada, com algumas medidas diferenciadas nesse enfrentamento no Rio de Janeiro. Embora com muitos erros e algumas ações de puro faz-de-conta.

Começa pela citação de especialistas e de autoridades de que o morro da Vila Cruzeiro é um dos preferidos do tráfico, seu QG, para firmar suas atividades. Ora, se é o preferido, seria elementar que as Unidades de Polícia Pacificadora deveriam ter começado por lá. Se visam mesmo a pacificação, deve-se começar pelos locais mais complexos, até para facilitar a instalações em locais mais fáceis. Já que a nossa imprensa condescendente não pergunta, fica a pergunta ao secretário de Segurança e ao governador do Rio de Janeiro por que não começaram e nem sequer ainda tem a UPP naquele morro. Pergunta para apontar erro de estratégia ou conivência também desse governo, já que está lá há 4 anos e, não fosse reeleito, teria deixado a insegurança pior do que estava quando assumiu.

Mas é alentador que as autoridades colocaram as Forças Armadas nessa guerra. O argumento diversionista de que elas não são preparadas para ações urbanas foi colocado de lado. Que, de fato, podem até não estar, mas não se pode saber se estariam para ações externas, já que estas simplesmente nunca existiram; nem sequer numa ameaça. Ainda que acertada, não é razoável só agora descobrirem que os “caveirões” da Marinha traspassam pregos que sempre impediram a subida da Polícia Militar. Em razão do rabecão da Marinha surgiu a imagem de uma nuvem de bandidos fortemente armados em disparada. Neste ponto a ingenuidade do cidadão comum leva à indagação por que não havia helicópteros blindados, com homens armados, em sentido inverso, para forçar a rendição. Ou...

No dia seguinte, a imprensa noticiava que em dez minutos uma nova operação militar começaria na vazia Vila Cruzeiro. E, de novo, não se entende se as autoridades queriam mesmo enfrentar esse problema ou repetir mais uma encenação que já vem há décadas. Os bandidos teriam fugido para outras favelas do Morro do Alemão. De novo, a palavra volta ao secretário de Segurança e ao governador do Rio de Janeiro: por que iam para a Vila Cruzeiro e não para o Morro do Alemão? A crítica do secretário às imagens das Redes Globo e Record de Televisão responde a uma pessoa menos ingênua.

A cobertura ufanista da imprensa nacional com a presença das Forças Armadas deveria vir acompanhada, ao menos, de citação às repetidas vezes que essas Forças já estiveram no Rio de Janeiro com a violência trazendo o resultado que se constata. Quanto ao “tudo” que o presidente da República prometeu de apoio, seria salutar ressaltar que esse tudo de agora não passou do nada nos oito anos deste governo, que só tem mais um mês de mandato. Aí caberia se questionar se tivesse sido feito um pouco a cada ano, se esse caos poderia ter sido evitado ou amenizado. O enaltecimento do apoio da população causa estranheza por vir do próprio Estado e da imprensa. É só fazer o que deve e como deve ser feito, que nunca faltará apoio. O apoio óbvio à bandidagem era única condição de sobrevivência, e não deveria causar surpresa a quem nunca se fez presente.

Importa, agora, verificar como fazer para evitar o retorno e o crescimento do domínio da bandidagem. Não pode ter recuo. As Forças do Estado devem retirar as armas e passar a régua. Também devem vigiar seus quartéis de onde muitas armas vão parar nas mãos dos bandidos.

Cabe alertar que a quantidade de motos roubadas apresentadas poderia ser conseguida em qualquer cidade que se faça um pente-fino na fiscalização da documentação delas. Especialmente nas pequenas cidades para onde são levadas e negociadas as motos roubadas nos grandes centros.

Deve ter bandido carioca arrependido da ordem para queimar ônibus. Não tivesse feito essa asneira, estariam todos tranqüilos, mandando e desmando nas favelas da Vila Cruzeiro, do Complexo do Alemão, como estão noutros morros. Agora, falta só a Rocinha, outros morros, os condomínios de luxo e toda a cidade. E os outros estados deveriam seguir o exemplo.

Mesmo que a intenção tenha sido fazer uma Operação Espanta Bandido, as imagens de fuga com milhares de fuzis exibidos e as circunstâncias levaram a uma Operação Efetiva que, por mais cômodo que seja, não há mais possibilidade de recuo do Estado.

*Pedro é de São Paulo e Bacharel em Direito.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

HILDEBRANDO PASCOAL

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

OXI - A NOVA DROGA QUE DOMINA O ACRE

"Uma nova droga. Uma ameaça aos brasileiros. Provoca alucinações, paranóia e cria dependência com rapidez e poder de destruição jamais vistos. Uma droga que não para de entrar em nosso país. Fronteiras expostas. Corrupção. Omissão. Que ameaça é essa? O oxi ainda é pouco falado. Praticamente desconhecido pela maioria. À primeira vista inofensivo, logo mostra sua verdadeira face. Seus efeitos são devastadores. Age no organismo em poucos segundos. Debilita, enfraquece. É capaz de levar o usuário a cometer ações impensáveis. De onde ele vem? Do que é composto? Como é processado? Quem produz? Quem são os traficantes? Qual é o mapa do oxi?

Em busca de respostas, desembarcamos em um dos estados mais distantes do Brasil. Bem-vindos ao Acre, uma das principais fronteiras abertas do território brasileiro. Paraíso dos seringuais e também porta de entrada para o tráfico de drogas. Aqui, ficamos diante de uma realidade assustadora. Encontramos histórias de jovens, mulheres, inocentes, vítimas da nova droga. Os relatos surpreendem. Depoimentos impactantes."

Confira a reportagem de Roberto Cabrini e sua equipe em quatro partes.










*A sinopse foi extraída do Blog "Conexão Repórter", hospedado no site do SBT.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ED MOTTA - CASO SÉRIO

terça-feira, 9 de novembro de 2010

“SEM RECUAR... SEM CAIR... SEM TEMER...”.

Heloy de Castro*

Passado o susto de advertência da população, no pleito eleitoral no Acre, o futuro governo acreano promete, segundo a imprensa, nomes do secretariado pra já. O atual que sai comemora o Dia Nacional da Cultura sancionando a lei do Sistema Estadual de Cultura, mas, no todo, já passam 12 anos de PT no poder e a cultura no Acre, de fato, não tem muito o que comemorar. Mudou alguma coisa mesmo? Que mudança? A pergunta se faz resposta.

Repetindo os velhos vícios da política local, em que predomina uma mentalidade não só imune como hostil a verdadeiras mudanças, podemos vislumbrar mais um quadriênio em que a cultura terá menos ainda o que comemorar, pois se não houve promessas de campanha, haverá o que fazer? Ou melhor: o novo governo, em estado de descompromisso pré e pós eleitoral, fará o que bem entender?

Sem ouvir a comunidade cultural, como deveria, antes e, principalmente, depois do pleito, ignorando que é constitucional a elaboração do plano plurianual da cultura pelo Conselho, o governo seguirá optando por opiniões próprias e autoritárias, por políticas alheias, inadequadas e ilegais, quanto ao que o setor aspira? Seguirá, o governo, com ouvidos moucos?

O Conselho Estadual de Cultura, para melhor contribuir com a idéia de verdadeira participação popular na administração da cultura, criou, em seu Regimento, o poder de indicar, em lista tríplice, nomes para o comando da Fundação Estadual de Cultura. Há quatro anos, a lista tríplice endereçada à atual gestão, após processo democrático de escolha, recebeu, como resposta, a indiferença. No atual momento, a Presidência do CONCULTURA, infelizmente até agora não se manifestou sobre o processo de indicação da lista tríplice, o que esperamos seja feito imediatamente, para que o futuro governo não diga que não sabia da opinião da área cultural.

Nem as políticas de cultura, nem seus gestores devem ser impostos. Agir assim é ferir os princípios constitucionais da democracia, da participação e da legalidade, pois a participação social nas gestões públicas já é imperativo constitucional e legal. A opção pela imposição traz toda sorte de malefícios à gestão, a começar pela indicação aleatória e sem critério do comando, até a consecução de eventos caros e sem resultados efetivamente sociais e culturais...

De tudo, além do alto custo público e do precioso tempo que se perde, há o fomento à mediocridade pelo qual se vê grande parcela da população incapaz da leitura, seja de livros ou da própria cultura. Vê-se em tal postura gestora um crime de responsabilidade geracional, o qual tem condenado um povo à eterna condição política subalterna e de quase nenhuma auto estima cultural.

O Conselho de Cultura tem sofrido desse mal também. A grande evasão das boas mentes ali verificadas bem se explica: ninguém quer participar de um conselho de faz-de-conta. Estão ali cidadãos que exigem o respeito a que tem direito. É lamentável que ainda se criem leis para não serem cumpridas e que não seja garantido seu cumprimento por quem deveria.

A classe artística, sem visibilidade ou reconhecimento, de modo geral, vai se tornando descrente e indiferente às promessas e discursos que se acumulam sem maiores resultados. Não desejamos que os que persistem no Conselho sejam derrotados pelo cansaço e que só resistam os que não acreditam (apenas se aproveitam pessoalmente da situação), os que têm pouca noção do processo e os oportunistas que ao fim não têm legitimidade representativa.

Com leis, eventos e silêncios nosso estado é um prodígio da gestão cultural e educacional democráticas: enquanto o governo propaga a noticia de que possui a melhor educação do país, inexiste em seus quadros licenciados em artes, nem sala de aula voltados para a arte-educação. Sem falar que todos os seus espaços culturais como galerias, teatros, bibliotecas, museus, rádios e TVs educativas são geridos sem a participação e controle popular e sem os especialistas da área. Enfim, tem uma série de outras coisas inexplicáveis que pode tudo dizer, menos que há efetivamente políticas culturais e educacionais de qualidade.

Diante desse quadro, que exige firme posicionamento social mais do que um silencio conivente, nós produtores culturais, que abaixo assinam o presente manifesto, exigimos do governo eleito que não tenha medo da democracia e que abra as portas do poder para a participação popular na área cultural, sem recuar a legislação da cultura, sem cair em gestão participativa faz-de-contas, e sem temer os artistas e a cultura

Cleber Moura
Lenine Alencar
Dinho Gonsalves
Regina Cláudia
João Veras
Clenilson Batista
Dalmir Ferreira
Laélia Rodrigues
Heloy de Castro
Écio Rogério
Cia. Visse e Versa

Outros virão......

*Heloy é cantor e compositor.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

HAIR - AQUARIUS

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

REDES SOCIAIS E ELEIÇÕES EM 2010

Murillo de Aragão*

Finalmente, a internet e as redes sociais tiveram um papel mais relevante nas eleições brasileiras. Porém, como bem disse Pedro Doria em artigo no Estadão (31/10/10), ninguém venceu na rede. O empate entre os candidatos nesse meio de comunicação revela que, no limite, as redes sociais não favoreceram ninguém nem foram decisivas para o resultado final.

O Brasil de 2010 ainda é um país em que a penetração da internet é baixa, apesar da vocação do brasileiro para a rede e do seu potencial de crescimento explosivo. Sendo assim, não houve qualquer episódio nas redes que modificasse de modo claro e decisivo as tendências do processo eleitoral. No futuro, no entanto, não deverá ser assim.

Alguém diria, de pronto, que a campanha de desinformação em torno de Dilma Rousseff e o tema do aborto podem ter-lhe roubado votos na reta final do primeiro turno. Mas o estrago causado pela ação na web foi bem menor, por exemplo, que a maciça cobertura da mídia eletrônica em torno do caso Erenice Guerra.

A situação seria diferente se tivéssemos um empate técnico, no qual “detalhes” como as redes sociais poderiam pender em favor de um ou de outro candidato. Ao pontuar tais aspectos volto a dizer que a internet e as redes sociais foram importantes, mas não decisivas.

A campanha teve aspectos interessantes ligados à internet e às redes sociais e que merecem destaque. O fato que mais me chamou a atenção foi o uso do twitter na mobilização da militância partidária e de simpatizantes dos candidatos. No caso brasileiro, é o que importa: mobilizar enormes contingentes eleitorais em favor de uma candidatura. O twitter também serviu para informar eventos e antecipar direções. Em especial, para repercutir as prévias das pesquisas, abundantemente comentadas na rede.

Um segundo fato é que o uso da internet na disseminação da informação teve no anonimato o seu pior e mais perverso aspecto. Nesse sentido, alinho-me a Arthur Schopenhauer, que dizia que o anonimato serve para tirar a responsabilidade daquele que não pode defender o que afirma. O anonimato na internet é um grave problema que termina por minar a própria credibilidade do meio. No futuro, vejo a credibilidade das redes sociais sendo avaliadas por seu grau de transparência.

Na prática, o Código Penal não vale na internet e, de forma esperta, alguns grandes sites e redes se escudam nas legislações mais complacentes do mundo para não atuar de forma enérgica contra a prática de crimes que envolvem a honra.

Aos românticos, o anonimato tem um doce sabor libertário. Quando se está a favor, tudo é lindo e maravilhoso. Porém, quando se é vítima de difamação e calúnias é como sofrer de bullying sem saber a identidade de seus agressores e sem ter a quem reclamar.

Como há complacência nas redes, poderemos ter, como efeito colateral, ações restritivas no âmbito regulatório. Não devemos esquecer que vai haver uma discussão sobre o marco regulatório da internet no Brasil. Eleitoralmente falando, a questão é importante, já que no futuro as redes sociais e a disseminação de informações por outras mídias terão peso ainda maior para a construção de tendências e, claro, para a definição de resultados eleitorais.

A internet será, cada vez mais, o meio de informação da cidadania sobre tudo e sobre todos. Não necessariamente na forma tradicional de acesso a sites. Vejo que a explosão de recursos, como o twitter, por exemplo, tende a ganhar destaque. A partir da experiência eleitoral de 2010, partidos, políticos e Justiça Eleitoral deveriam debater intensamente a questão com vistas às próximas eleições.

*Murillo de Aragão é cientista político (O texto foi extraído do blog do Jornalista Ricardo Noblat)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

QUEM SABE FAZ A HORA

Moisés Diniz*

A divulgação dos números sobre o referendo jogou um balde de “me desculpe” no ímpeto de alguns políticos acreanos que tentavam “partidarizar” a disputa entre os dois fusos. Os números de cada município indicam causas mais “naturais”.

O cúmulo da “esperteza política” atingiu o ápice quando se tentou vincular a disputa para governador ao debate sobre fusos. Quando Tião Viana (PT) perdeu a eleição em Rio Branco, não faltou “cientista político” para explicar a derrota à luz da disputa entre fusos.

Agora sai o resultado do referendo e os números demonstram que o povo votou sob outra lógica, apegado a outras razões.

Em Acrelândia, aonde Tião Bocalom teve uma vitória estrondosa, o povo votou a favor da manutenção do fuso atual. Que vexame! Em Rio Branco, aonde Tião Viana perdeu a disputa, o fuso empatou.

Em todos os municípios do interior, à exceção de Acrelândia, o resultado é praticamente o mesmo: o povo quis a volta do velho fuso. Independente do voto dado a Tião Viana ou a Tião Bocalom.

O Juruá votou em Tião Viana e no velho fuso

Nos municípios do Juruá, aonde Tião Viana venceu, o povo pediu a volta do velho fuso. Cruzeiro do Sul tem uma diferença de 28 minutos a mais em relação a Rio Branco, por isso que lá o início das aulas foi empurrado pra frente em uma hora, no lugar dos 30 minutos do resto do Estado.

No vale do Tarauacá, por exemplo, Tião Viana disparou para governador, mas o velho fuso ganhou na mesma proporção. Lá, Bocalom teve 35% dos votos e o NÃO que ele pregava teve 69%. O povo de lá gostou mais do velho fuso do que dele.

Em Jordão, Bocalom teve 35% dos votos e o velho fuso, que ele defendia, obteve 64%. Em Feijó, Bocalom teve 27% dos votos e o velho fuso obteve 63%. Em contrapartida, Tião Viana teve praticamente os mesmos votos dados ao velho fuso.

Como dizia um índio lá no Jordão: “ Bocalona, até tua voz é chata. Nós queremos o velho fuso, mas não queremos tu”.

Naquela região, os números do velho fuso são iguais aos números de Tião Viana para governador: acima de 60%. Os números do fuso não levaram em conta os votos para governador e presidente, a filiação do prefeito local ou os discursos dos políticos.

Ainda houve quem vinculasse os votos dados ao deputado Flaviano Melo (PMDB) ao projeto do referendo apresentado por ele. Os números mostram Flaviano Melo tendo uma votação estrondosa em Rio Branco, aonde o fuso empatou, fraca nos municípios aonde o velho fuso venceu disparado e forte nos municípios aonde o PMDB governa.

O eleitor urbano está mais propenso a mudar o fuso
O povo votou olhando para os ponteiros do seu próprio relógio. Há ainda uma clara evidência de que, quanto mais urbanizado o município, mais votos pelo novo fuso.

Entre Rio Branco que empatou e municípios que unificaram altos percentuais pela volta do velho fuso há, ainda, um conjunto de municípios, mais urbanizados, que tiveram uma diferença menor entre os dois fusos, como Cruzeiro do Sul, Quinari e Plácido de Castro.

Santa Rosa, como peculiaridade, teve diferença pequena entre os dois fusos. É que a sua população indígena, majoritária, não está muito interessada em ponteiro de relógio, com os seus bancos, transações comerciais e grades televisivas. Ela olha o nascer e o pôr do sol.

Mas aqui, como em outras urnas indígenas de outros municípios, os povos indígenas votaram em solidariedade ao homem das cidades, com as suas necessidades vinculadas a um fuso mais próximo de suas atividades laborais e financeiras.

Eu ouvi o Biraci Yawanawa dizer: “qualquer um desses fusos não interessa a nós aqui nas aldeias. Mas, se o novo fuso ajuda a vida do homem branco, nós vamos votar pelo 55”.

O que se destaca nesse referendo é a nulidade dos políticos em questões que não lhe dizem respeito. O povo votou do jeito que quis, fez a sua própria propaganda e disse que o fuso não é do governo e nem da oposição.

Outro fato a se destacar: foi a primeira luta aberta entre intelectuais e empresários. Os primeiros foram mais eficientes e, além do mais, vinham de uma militância de dois anos contra o novo fuso.

De parte dos políticos da Frente Popular, houve uma forte acomodação, medo e falta de solidariedade à Tião Viana, autor do projeto que mudou o fuso. Eu não ouvi uma palavra de apoio das dezenas de líderes da FPA.

O povo decidiu não dar carona aos políticos
Parte da oposição, com muita desqualificação, pegou carona no movimento de intelectuais e jornalistas. Virou papagaio de pirata num movimento que defendia tudo que esses políticos abominam.

Imagine que na terra de Bocalom, urbanizada, com mais 70% de suas florestas devastadas e constituída de “imigrantes da madeira”, o novo fuso teve vitória estrondosa. Logo Acrelândia, para ser o símbolo de que os políticos de oposição não interferiram em nada nos resultados do referendo.

Essa eleição de 2010, incluindo o fuso horário, me lembra a disputa de Feijó, quando os grandes líderes da oposição achavam que tinham elegido Dindim a prefeito. Veio 2010 e os números desmontaram a tese.

O referendo sobre o fuso horário serviu ainda para desmascarar um discurso de dois anos: “que Tião Viana desrespeitou a vontade popular e seria penalizado por causa disso”. O povo votou diferente.

“Então Jesus disse: Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E o povo falou: “nós queremos o nosso velho fuso de volta e queremos o Tião Viana governador”.

Agora é seguir os ponteiros do relógio!

*Moisés Diniz é deputado estadual (PCdoB/Acre)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

E A HORA?

Em matéria veiculada no periódico A Gazeta, desta terça-feira, 2, o Senador pelo Acre e Governador eleito Tião Viana (PT-AC), não citou ou não foi questionado sobre o resultado do referendo do último domingo, que deu o direito da população do estado escolher a volta do horário antigo votando no “Não”. A Frente 77, contrária ao horário atual, recebeu 184.478 votos (56,87%), enquanto a Frente 55, favorável a manutenção do fuso horário, recebeu 139.891 (43,13%) dos votos válidos.

Viana foi o autor da lei que que mudou a hora do estado em 2008. Os relógios tiveram que ser adiantados em 1h. A diferença para Brasília que antes era de duas horas, passou a ser de 1. No horário de verão, a diferença que era de três horas, ficou em duas.

O jornalista, que não assina o material feito com o homem que será o administrador do Acre a partir do 1 de janeiro, “bateu papo” sobre os resultados das eleições na esfera nacional e local, sem ao menos citar o referendo na reportagem.

O único ponto interessante é quando Tião Viana diz que o “Acre foi injusto com o presidente Lula”, em relação a derrota esmagadora da presidente Dilma Rousseff (PT) para o tucano José Serra. O PSDB obteve 69% dos votos válidos no estado.

E depois dizem que o referendo não foi político.

Confira o material completo .

SKID ROW