Da Revista Época
As sessões do Supremo Tribunal Federal (STF) vão poder ser assistidas pelo YouTube, o mais popular site de vídeos do mundo. Com esse objetivo, uma parceria entre o STF e o Google, a empresa que controla o Youtube, foi firmada na última segunda-feira em Brasília. O STF será a primeira suprema corte do mundo a colocar conteúdo no YouTube.
Com a criação do canal do STF no Youtube, uma das intenções é que vídeos de julgamentos possam ser acessados pelos internautas em qualquer hora e lugar. Outra ideia é que os programas da TV Justiça sobre as atividades do STF e outras instâncias do Judiciário brasileiro, como o Conselho Nacional de Justiça, possam ser vistos por meio do YouTube.
O STF já teve pioneirismo na experiência de transmitir ao vivo suas sessões por meio de uma TV própria – a TV Justiça, criada em 2002. A iniciativa foi copiada por outros países. Inspirada na experiência brasileira, a Suprema Corte de Justicia de la Nación (a suprema corte do México) passou, a partir de 2005, a transmitir suas sessões de plenário pela TV. Em janeiro, a transmissão ao vivo de julgamentos pela TV Justiça foi um dos destaques da participação do Brasil na primeira Conferência Mundial sobre Justiça Constitucional, ocorrida na Cidade do Cabo, na África do Sul. A suprema corte sul-africana está estudando a implantação de um modelo semelhante ao da TV Justiça.
Há duas semanas, a TV Justiça ganhou mais evidência com a trasnsmissão ao vivo do bate-boca, em uma das sessões do Supremo, entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão. Os dois discutiram asperamente durante um julgamento e Joaquim Barbosa fez ataques duríssimos ao comportamento de Gilmar Mendes como presidente do STF. O episódio causou uma crise na instituição, com suspensão de sessões até que os ânimos se esfriassem.
Por causa dessa exposição negativa, algumas personalidades do mundo jurídico, como o ex-ministro do STF Carlos Velloso, passaram a questionar a cobertura ao vivo dos julgamentos pela TV, defendendo uma edição das sessões antes da sua transmissão. Além do pioneirismo na criação da Tv Justiça, o STF é um das poucas cortes constitucionais do mundo em que as sessões são abertas e não são fechadas ao público.
Apesar das críticas – tanto ao seu comportamento como à projeção midiática que o STF passou a ter na sua gestão –, a parceria com o Youtube mostra que o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, não deve recuar da sua política de mais exposição pública para o Judiciário durante o seu mandato que vai até abril de 2010.
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