quarta-feira, 26 de agosto de 2009

IMPASSE NA FRONTEIRA

Itamaraty anuncia base móvel para socorrer brasileiros

Assem Neto
De Brasília, DF

O Itamaraty montará um consulado sazonal (posto móvel avançado) para auxiliar as famílias de brasileiros que vivem ilegalmente na fronteira com a Bolívia. A notícia foi comemorada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB), após uma reunião ocorrida no início da tarde desta quarta-feira com o embaixador Eduardo Grattioni, que chefia o Departamento de Comunidades Estrangeiras no Exterior, e o deputado Fernando Melo (PT), presidente da Frente parlamentar Brasil-Bolívia. A base, que permaneceria no Acre até o final do ano, será instalada na antiga Vila Montevidéo, na região de divisa com o município de Plácido de Castro.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou o acordo bilateral entre os presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Evo Morale, segundo o qual não vigora mais o prazo (dezembro deste ano) dado pelo governo boliviano para a saída das famílias que vivem há décadas na faixa de fronteira.

Perpétua Almeida, juntamente com o deputado Nilson Mourão, alertaram o presidente brasileiro sobre a clima de terrorismo imposto ás famílias. Os três conversaram ainda dentro do avião, na última sexta-feira, na viagem oficial do presidente ao Acre. Lula se disse surpreso com o risco de conflito na fronteira e assumiu, naquele momento, o compromisso de convencer Morales a reconsiderar o prazo, o que ocorreu, no dia seguinte (sábado), no encontro entre ambos na Villa Tunari.

A deputada acreana informou que o Governo do Acre e o Itamaraty acertarão uma agenda conjunta, após o feriado de 7 de setembro, com a missão de debelar a agitação que toma conta dos brasileiros. “Ninguém será mandado embora de suas propriedades. É hora de enfrentarmos a desinformação e evitar que os brasileiros continuem sendo achincalhados”, disse a deputada.

Fernando Melo, por sua vez, sugeriu que o Ministério das Relações Exteriores confeccione um questionário para saber as dúvidas mais latentes das famílias e, a partir daí, providencie uma cartilha jurídica orientativa.

A Organização Internacional de Migração (OIM), contratada pelos dois governos para relatar a situação, também fará um novo levantamento para identificar o número de famílias vivendo na região. O quantitativo anterior, de 243, chegou a ser revisado para 450, e nenhum dado é tido como oficial ou definitivo. O Jornal Folha de S. Paulo, que mantém profissionais acompanhando o impasse diariamente, noticiou no último domingo que o número de brasileiros ali pode chegar a mil.

O embaixador confirmou ter informações de que os brasileiros, dentre eles centenas de acreanos, estão sendo pressionados a vender suas terras e se desfazer de suas casas e plantações. Ainda segundo ele, desafetos do governo Morales estão cobrando taxas ilegais para a retirada de animais – gado e porcos, dentre outros - das terras ocupadas pelos brasileiros. “Há, de fato, pessoas agitando e desinformando. Creio numa remediação deste episódio após este encontro que teremos com o Governo do Acre, nos próximos dias”, ressaltou o embaixador.

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