COPENHAGUE - A ex-ministra brasileira do Meio Ambiente Marina Silva recebeu nesta quarta-feira, 17, no teatro Christiania, em Oslo, o Prêmio Sophie de Meio Ambiente, por seu compromisso com a defesa da Amazônia.
O prêmio foi entregue pelo ministro do Meio ambiente da Noruega, Erik Solheim, na cerimônia que também contou com a presença de Nina Drange, presidente da Fundação Sophie, instituição que fundou o prêmio em 1997, criado pelo célebre escritor norueguês Jostein Gaarder e sua esposa, Siri Dannevig.
O prêmio Sophie foi dado à ex-ministra no dia 1º de abril por seu "compromisso com a defesa da floresta Amazônica", pela decisão do júri, que ressaltou que a ativista e política dedicou sua vida à luta pela região e que "seu trabalho, coragem e resultados não têm comparação".
Ecologista e filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), Marina, de 51 anos, foi nomeada ministra do Meio Ambiente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas renunciou em maio de 2008, por não concordar com a política meio ambiental do Governo.
Marina Nasceu na aldeia de Bagaço, no Acre, em uma família pobre, foi analfabeta até a adolescência. Estudou história na Universidade Federal do Acre e lá teve contato com o marxismo e o movimento comunista. Iniciou sua carreira política como vereadora de Rio Branco, em 1988, três anos depois de ingressar no PT.
Companheira de luta do ecologista Chico Mendes, que foi assassinado, fundou com ele a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre, em 1985, e foi responsável por vários projetos em defesa da Amazônia, como a regulamentação de mecanismo de acesso a recursos da biodiversidade.
O nome do prêmio, Sophie, foi dado em homenagem à protagonista do livro mais popular de Jostein Gaarder, "O mundo de Sofia", um sucesso de vendas internacional.
O prêmio homenageia pessoas e organizações que trabalham a favor do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
Entre os premiados desde 1997, estão a ativista queniana Wangari Maathai, homenageada em 2004, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz meses depois, e o ex-primeiro-ministro sueco Göran Persson, premiado em 2007.
Agradecimento da Senadora Marina Silva pelo recebimento do Prêmio Sofia 2009
"Primeiro eu quero agradecer a Deus e ao Conselho da Fundação Sofia pela oportunidade de receber essa honraria. Eu sei que, para a Fundação, é muito importante o envolvimento de pessoas e instituições que trabalham na defesa de um mundo sustentável em todas as suas dimensões. A dimensão econômica, ambiental, social, cultural e, principalmente, a dimensão ética. Eu sempre digo que é muito fácil defender o meio ambiente no ambiente dos outros, o difícil é defender o meio ambiente no ambiente da gente. E é isso que nós estamos sendo instados a fazer, defender o meio ambiente no nosso local de trabalho, dentro da nossa empresa, do nosso jornal, aonde quer que estejamos.
Porque, enquanto nós questionarmos apenas as nossas tecnologias erradas, a nossa forma inadequada de fazer as coisas, nós estamos dando apenas um pequeno passo. O passo fundamental é questionarmos a nossa forma inadequada e a nossa forma errada de ser, porque é a partir daí que nós vamos poder reposicionar a nossa relação entre nós mesmos e com a natureza.O passo fundamental é questionarmos a nossa forma inadequada e a nossa forma errada de ser, porque é a partir daí que nós vamos poder reposicionar a nossa relação entre nós mesmos e com a natureza. É fundamental que cada um de nós possa estar envolvido numa nova forma de militância.
Marina Silva, vencedora do prêmio Sophie 20009
É fundamental que cada um de nós possa estar envolvido numa nova forma de militância. Aquela do cotidiano que cada um de nós faz em defesa daquilo que acredita, mas sobretudo, uma militância intergeracional, aquela que defende os direitos daqueles que ainda não nasceram. É isso que eu percebo no compromisso da Fundação Sofia e é isso que aqui no Brasil nós temos trabalhado para que também aconteça na redução do desmatamento, na elaboração de políticas públicas, que venham a construir um novo futuro para aquelas gerações que virão após nós. Um futuro sustentável.
Isso vai exigir de cada um uma nova forma de militância, para além da militância do cotidiano, a militância que leve em conta a complexidade da natureza do problema que estamos enfrentando. Para isso é fundamental nos transformarmos em militantes da civilização aonde cada um, a partir do seu lugar, da sua escuta, da sua relação com os outros, consigo mesmo e com a natureza, dar a sua contribuição.Muito obrigada."
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