Nayanne Santana*
Eu não ando muito animada nos últimos dias. Por isso, nem tenho feito postagens no blog. Acredito que esse cansaço seja causado pela correria do dia.
Mas, essa semana foi “trash” e diante dos fatos decidi tascar os dedos no teclado e soltar o que estava preso.
Hoje, vou falar sobre aquilo que mais me chocou desde que estou atuando como repórter: a morte do professor Marcos Afonso.
Acho que jamais me esquecerei do momento em que meu telefone tocou e do outro lado da linha ouvi o meu amigo Gilberto Lobo dizer: Não tenho uma notícia boa pra te dá. O professor morreu!
Ainda me lembro da sensação. Não há coisa pior do que ter que noticiar coisas ruins, acreditem. Mas pior ainda foi saber como aconteceu o crime.
Para ter mais informações sobre o caso liguei pra Lenilda Cavalcante e ela, que tem mais de 15 anos de jornalismo policial ,estava chocada.
Não foi fácil editar o jornal e escrever uma matéria tão triste e com fatos tão bárbaros. Cheguei em casa ainda em choque por tudo que ouvi sobre o crime e não consegui dormir.
Pela manhã fui organizar as idéias e vou colocar minhas conclusões sobre tudo isso aqui.
Um show de incompetência
Pra mim, a polícia deu um show de incompetência. A arma do crime estava o tempo todo dentro da casa do professor. Local que ele foi morto e enterrado vivo!
Pior ainda foi ver o diretor-geral da polícia civil agradecer a Deus pela elucidação de um crime. Sinceramente, Deus não queria ver um filho dEle sendo morto com tanta crueldade, e certamente não queria ver uma polícia tão incompetente que não investiga o local inicial de um crime.
O mais obvio, a meu ver, seria levar as testemunhas do caso a casa do professor e constituir a dinâmica do crime, ou seja, cada testemunha diria onde estava e o que fazia na hora que os bandidos chegaram ao local para roubar o veículo do professor.
Se a polícia tivesse se dado ao trabalho de ir a casa e investigado o local teriam visto uma faca, uma pá e um buraco com terra mexida. (Vale ressaltar que toda vez que alguém mexe em qualquer quantidade de terra a parte que sofreu interferência tem tonalidade diferente da parte que não foi tocada, qualquer criatura sabe disso).
Mas, para decepção de todos nós a polícia foi pífia e não fez o obvio. Apenas isolou o local e seguiu com as investigações do portão da casa para fora.
Crueldade exacerbada
O infeliz que matou Marcos Afonso conhecia a vítima há três anos, presta serviços para a vítima.
No momento em que ele e os outros dois bandidos foram apresentados a imprensa ele ainda esboçou um sorriso que me apavorou.
Como pode meu Deus alguém ser tão cruel?
Aquele infeliz enterrou um homem vivo, ainda agonizando, pedindo vida e depois de tudo isso teve capacidade de participar de uma churrascada e de bebedeira, sem demonstrar menor arrependimento do ato brutal que cometeu.
Essa não
Pior ainda, foi ver colegas de imprensa cumprimentando o diretor-geral, apertando a mão da autoridade e dizendo: Parabéns.
Parabéns? Como assim?
O cara fez a obrigação dele. Nós, contribuintes, pagamos pelo serviço que ele prestou com muitas falhas e deficiência, porque demoraram mais de 72 horas para achar um corpo que estava debaixo das “barbas” dele.
Um JORNALISTA tem que fazer a sua matéria, ir pra redação e narrar os fatos do que é notícia aos cidadãos.
Desculpem, mas na minha opinião, não é função de jornalista algum puxar-saco de qualquer autoridade para ficar “bem na fita”. Até porque atitudes como essa tiram a moral de qualquer profissional e o deixa limitado para que em situações posteriores possa fazer críticas ao mau desempenho de qualquer autoridade.
Pena que eu sei que isso sempre vai existir e a ética da categoria sempre estará posta a prova por causa de comportamentos como esse.
Eu me envergonho e lamento ter que admitir que sempre haverá pessoas com esse tipo de conduta.
* Nayanne é jornalista e escreve suas verdades aqui.
domingo, 25 de outubro de 2009
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Um comentário:
Gosto quando vc cutuca seus textos com fortes opiniões. Já tava sentindo saudade deles. Mas não seria novidade que a Cúpula da Segurança do Acre, seria incompetente pra resolver esse caso. Eu já tinha previsto que eles não avançariam. No Acre é melhor morrer sem ir ao hospital, e procurar a policia!
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