Jose Mastrangelo*
No dia 12 de outubro comemorou-se o dia da criança. O presente é destaque da festa. A criança, rica ou pobre, gosta de um presente. O adulto fica só na saudade: quando era criança... As lágrimas molham o seu rosto enrugado. Chora. De repente, cenas daquela época passam pelo seu retrovisor virtual. Lá vai ele entre uma troca de fralda e outra. É protegido. É mimado. É abraçado. É beijado com carinho. Engatinha. Vai sozinho. Aprende as primeiras letras. Cresce. Desperta. Os seus olhos emudecem ao descobrir que amanhã é outro dia. Continua gotejando lágrimas sobre o velho retrato, onde não se reconhece, de tão diferente que ele era. A história é inexorável. Quando era criança, ele repete contínua e constantemente, buscando uma razão para tanta saudade
A criança vai atrás do presente no dia, que foi instituído em sua homenagem para se divertir à vontade e brincar muito. Gosta de um presente que, para ela, naquela data, representa muita coisa, que o adulto só agora entende. É algo que ficará guardado, com muito cuidado e pela vida toda. A criança, que não recebe presente, fica triste e escondido atrás do armário. Chora ao ver o (a) coleguinha brincar com o presente. Há muita criança, que fica sem presente.
É importante fazer a alegria da criança com um presente, por mais simples que possa ser. Ao longo da vida, já adulto, terá muita saudade daquela alegria toda. Olhará para trás, buscando, entre lágrimas, o que de bom lhe ocorreu, naquele passado já distante. Se teve presente, quando era criança, ficará muito grato pela alegria que desfrutou. Se não teve presente, quando era criança, o seu coração ficará apertado. Vai chorar. As lágrimas molharão o seu rosto enrugado. No entanto, não descarregará culpa sobre ninguém. Entenderá. Saberá que muitas famílias não podem atender a vontade de numerosas crianças.
Ao rever o retrato, o adulto não reconhece a si mesmo, quando era criança. Como cresceu!Como mudou! Mesmo com os seus traços físicos mudados, não deixa de olhar com muita atenção o velho retrato. Chora de alegria, porque ele chegou onde, hoje, está, por conta de, quando era criança, alguém cuidou para ele crescer.
Que bom voltar aos tempos de, quando era criança! A esperança movia mente e coração da criança desde a sua gestação, no ventre materno e, posteriormente nos tempos que se seguem. Os seus genitores cuidavam para ver a criança crescer sadia. Queria tudo de bom e melhor para ela (criança) sorrir. Não perdiam um momento para lhe oferecer amor e carinho. Projetavam um futuro feliz para a sua criança. Desejavam para ela uma sociedade acolhedora, solidária e de paz. A sua criança não poderia sofrer por causa de uma sociedade violenta.
Quando era criança. São muitas as lembranças, boas ou más, que passam na mente do adulto, que olha o velho retrato, pois é lá, naquele mundo já distante, está o futuro do seu presente.
*Mastrangelo é filosofo e teologo.
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